Liderança e Pessoas

JB Licor: da Hungria para o Mato Grosso do Sul, e daqui para o mundo

De fabricação caseira para presentear os amigos, a agroindústria familiar hoje produz cerca de 3 mil garrafas de licor, além das geleias e doces, com apelo na cultura regional e no extrativismo sustentável.


De fabricação caseira para presentear os amigos, a agroindústria familiar hoje produz cerca de 3 mil garrafas de licor, além das geleias e doces, com apelo na cultura regional e no extrativismo sustentável.


Certas experiências sensoriais que vivemos ao longo da vida têm a capacidade de nos tirar do chão, jogando-nos por um instante num estado de enlevação muito difícil de descrever. Gestos de afeto de pessoas queridas, comidas, bebidas e esportes radicais certamente são alguns exemplos e, muito provavelmente, os licores merecem destaque especial na categoria das experiências gustativas.

Agora imagine um licor produzido artesanalmente, cujo álcool é exclusivamente oriundo de frutas típicas do cerrado de Mato Grosso do Sul, como o pequi, o baru, a jabuticaba e principalmente a guavira. O teor alcoólico chega a 40% e, mesmo assim, o líquido desce tão suave pela garganta que parece ser um néctar imaginário. Assim pode ser a degustação de uma dose da bebida da JB Licor, pequena agroindústria familiar sediada num sítio no distrito de Camisão, município de Aquidauana.

Esse produto tipicamente sul-mato-grossense é feito de frutas locais, mas com uma técnica húngara, a mesma utilizada na fabricação da palinca (em húngaro, Pálinka), bebida destilada de frutas tradicional da Hungria e da Romênia, considerada uma especialidade húngara pela União Europeia em 2008. O diferencial é que não contém álcool de cana-de-açúcar. A JB Licor comercializa a bebida desde 2005, incluindo em seguida a produção artesanal de geleiras, das mesmas frutas, e mais recentemente os doces gourmets.

“Os avós do meu marido, Carlos Bende, produziam licores de laranja na Hungria. Quando faleceram, deixaram para ele um livro com as técnicas húngaras para fabricar a bebida. No dia em que descobri o livro, disse: ‘você deveria adaptar a técnica húngara às nossas frutas’. Ele já fabricava licores para presentear os amigos e decidiu aplicar a técnica nas frutas do cerrado. Os amigos nos incentivaram e logo começamos a vender o produto”, relata Jaciara Palermo Bende (63 anos), sócia da JB Licor e esposa de Carlos.

Licor com sabor de cultura regional e sustentabilidade

De fabricação caseira para presentear os amigos, a JB Licor passou a produzir comercialmente cerca de 100 garrafas por ano, depois 500 e logo 1 mil unidades. Atualmente, dependendo da sazonalidade das frutas, a agroindústria produz em torno de 3 mil garrafas da bebida, além das geleias e doces. Apesar da demanda por mais unidades, Jaciara diz que não pretende aumentar a produção para conseguir manter a alta qualidade artesanal do licor, cuja matéria-prima é primordialmente extraída no próprio sítio do casal.

Com forte apelo na cultura regional e na sustentabilidade proporcionada pelo extrativismo – as frutas são coletadas depois que caem do pé e não colhidas –, os produtos da JB Licor são hoje referência estadual, adquiridos por empresários, políticos e outras autoridades locais para presentear visitantes do Brasil e de muitos outros países que passam pelo estado, como lembrança típica sul-mato-grossense. Não só pela bebida, mas também pelas embalagens confeccionadas artesanalmente com materiais rústicos.

O principal símbolo dessa produção é o licor de guavira, fruta típica do Mato Grosso do Sul que sintetiza a cultura gastronômica regional – conhecida em outras regiões como guabiroba. O estado é um dos poucos do país onde ainda é possível encontrar guavirais nativos em locais isolados no cerrado. Mesmo assim, a planta está desaparecendo pouco a pouco.

“Temos 50 pés de guavira em nosso sítio e procuramos defender essa fruta, que é nossa. Nas feiras, congressos e seminários em que expomos nossos produtos, o licor de guavira é o que faz mais sucesso, principalmente como presente para quem é de fora”, conta Jaciara.

Apoio e capacitação

O Pantanal, o cerrado, as belezas naturais e as riquezas culturais do Mato Grosso do Sul podem ser uma significativa fonte de renda para pequenas agroindústrias locais, a exemplo da JB Licor. Esses elementos agregam história, personalização e sabores únicos a produtos artesanais, na contramão da comoditização de artigos comercializados em larga escala e aliados à necessidade de regionalização, demanda de destinos turísticos como o Mato Grosso do Sul.

A analista técnica do Sebrae Isabella Fernandes lembra que a instituição apoia iniciativas que valorizam os elementos locais, porque acredita nos pequenos negócios que integram a cultura regional, o turismo, a gastronomia, a arte popular, o artesanato e a sustentabilidade como diferencial para gerar emprego e renda.

“O Sebrae oferece aos pequenos negócios consultorias e capacitações em gestão, precificação, design de produtos e de embalagens, empreendedorismo e cooperação. Também ajuda essas empresas a abrir novos mercados em âmbito local, nacional e até internacional, promovendo a participação deles em feiras e outros eventos que aproximam os produtores de potenciais compradores”, explica Isabella.

Para saber mais, procure o Sebrae.

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