Empreendedorismo

03 dezembro, 2014 • Empreendedorismo, Finanças

Ótimas dicas para a saúde financeira da sua empresa, por Gustavo Cerbasi

Gustavo CerbasiO jornal Conexão Sebrae conversou com o especialista em finanças pessoais Gustavo Cerbasi, autor de livros de auto-ajuda financeira considerados best-sellers, tais como: “Casais inteligentes enriquecem juntos” e “Como organizar sua vida financeira”.

Nesta entrevista, o foco é direcionado a empresários que buscam alternativas para fazer a empresa crescer.

Qual o primeiro passo para a saúde financeira da pequena empresa?

O primeiro passo é adquirir conhecimento técnico básico para gerenciar empresas. Não sugiro que o empresário inscreva-se em um MBA Finanças, mas sim que pesquise por cursos gerenciais de curta duração, como Finanças Gerenciais, Administração do Capital de Giro e Análise de Investimentos. São cursos de 10 a 30 horas que discutem as relações básicas entre os números da contabilidade empresarial e induzem o empreendedor a demandar relatórios mais específicos de seu contador. Com esse conhecimento e um plano de negócios básico, o empreendedor saberá conduzir as finanças com segurança.

Como produzir um plano de negócios concreto que seja fácil de seguir?

O plano de negócios deve ser adequado para comunicar a estratégia da empresa a potenciais fornecedores de crédito e investidores. Na prática, é preciso que ele contenha uma boa projeção dos investimentos a serem feitos, da capacidade de geração de caixa e de lucros e das necessidades de capital que surgirão nos próximos meses. Parece simples, mas essas estimativas só serão boas se o empreendedor tiver um ótimo conhecimento ou uma ótima pesquisa sobre o mercado, concorrentes, fornecedores, clientes e obstáculos.

Daí a necessidade de ser estudado por um tempo, preferencialmente com a orientação de algum especialista, pois são raros os empreendedores que dominam quase todas as variáveis do mercado em que pretendem atuar. Tanto para os cursos quanto para consultorias, oriento sempre que o empreendedor procure o Sebrae, que oferece serviços com excelente
relação custo-benefício.

Vale a pena entrar em uma dívida para ter fluxo de caixa? Ou é mais interessante um financiamento quando for necessário de fato?

Quando os financiamentos e empréstimos passam a ser essenciais para o “fôlego”, é sinal que o negócio já está mal planejado ou com excessivo grau de risco. Com bom planejamento, usamos financiamentos para alavancar negócios, ou seja, para alcançar uma escala que não alcançaríamos sozinhos.

Também é o bom planejamento – ou seja, um bom plano de negócios – que garante custo mais baixo no crédito. Mas, deve se evitar captar recursos para mantê-los em caixa, pois isso se traduz em pagar juros sem dar produtividade ao recurso captado. O ideal é aproveitar os momentos de bonança da empresa, quando ela está bem capitalizada e com vendas no auge, para negociar o crédito com bancos e garantir, de antemão, taxas boas para quando o crédito se mostrar necessário. A própria atitude de se antecipar ao problema conta pontos extras na avaliação de crédito e ajuda a baratear esse capital.

Confira também: 5 dicas para organizar o dinheiro da família e dos negócios – Gustavo Cerbasi
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Quais as principais falhas na administração de pequenos negócios?

Quando a empresa tem sucesso nas vendas, reconhecimento de seus clientes e aumento de sua participação de mercado, mas o lucro não aparece, é evidente que ela tem problemas financeiros. Os principais erros cometidos são:

1) a falta de planejamento eficaz que permita mapear e entender o fluxo e o ciclo de caixa da empresa;

2) o superdimensionamento ou investimento em equipamentos e recursos pouco produtivos e;

3) o uso de empréstimos em vez de financiamentos, que acabam por encarecer as despesas financeiras e comprimir os lucros.

Tais falhas podem ser remediadas com investimento em conhecimento financeiro e melhoria na negociação do crédito, o que, geralmente, se consegue ao disseminar cursos gerenciais entre os tomadores de decisão nas empresas.

O que é uma empresa com saúde financeira para você?

É aquela que, de maneira sustentável, gera lucros que atendam às expectativas conscientes e realistas de seus investidores e que permitam um reinvestimento contínuo, no sentido de aumentar gradativamente a produtividade e, consequentemente, a rentabilidade sobre o capital. Ao conjunto de técnicas que permitem avaliar continuamente a saúde financeira da empresa se dá o nome de análise e gestão financeira, e que normalmente só existem em empresas cujos tomadores de decisão passaram por programas de formação técnica gerencial.

Qual melhor momento para fazer novos investimentos?

O melhor momento para investir é uma combinação da oportunidade com o conhecimento e disponibilidade. Quem estuda continuamente seu mercado está mais próximo de identificar oportunidades do que aqueles que simplesmente atendem a demandas. E não basta identificar as oportunidades – é preciso incluir, no planejamento da empresa, a formação de reservas financeiras ou a negociação de crédito para que, uma vez identificadas, haja recursos disponíveis para aproveitá-las.

Para quem está bem informado e com o planejamento em dia, não existe cenário ruim. Os momentos de bonança servem para criar as bases para o crescimento sustentável, enquanto que os momentos de crise servem para ocupar os espaços abandonados por concorrentes com planejamento mais frágil.

Existe alguma “mágica” que o pequeno empresário pode fazer para ter um retorno imediato do seu negócio?

A mágica é ter perseverança. Certamente, você já ouviu falar que a pressa é inimiga da perfeição. Em uma época em que as informações correm rapidamente, não existe negócio de ganho rápido – se existisse, atrairia muitos interessados e deixaria de ser rentável.

Quanto mais rápido o retorno, mais claro é o sinal de que o risco é grande, seja o risco de queda nas vendas por saturação do público, seja o risco de atrair muitos concorrentes. Na verdade eu diria que a maior preocupação não deve ser com o ganho rápido, mas sim com o ganho crescente e sustentável – isso se faz com planejamento do que deve ser feito para vender e também do que deve ser feito para neutralizar a concorrência.

Qual a importância de uma empresa ter um papel social?

Interferir na sociedade e contribuir para o social é um meio de cultivar não só o futuro cliente, mas também o respeito da sociedade pela atividade da empresa e o fortalecimento de sua marca, essenciais na medida em que surgem concorrentes e transformações nos mercados.

Fonte: Jornal Conexão Sebrae

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