Inovação e Tecnologia

16 dezembro, 2013 • Inovação e Tecnologia

O que sua empresa pode aprender com o uso dos games

gameAté 2015, mais da metade das empresas que investem em inovação devem utilizar games nesses processos. É a gamificação. Veja como ela funciona e é usada no Brasil.

No ano passado, a NET resolveu ajudar toda a sua equipe a compreender como funciona cada processo de suas operações de um jeito inusitado. Por meio de um game, cada funcionário foi convidado a se tornar o gerente de várias áreas da empresa, como vendas, atendimento, instalação e comercial.

Funcionava da seguinte forma: quem se candidatasse a entrar na brincadeira, recebia um desafio real de determinado setor e precisava solucioná-lo para passar para a próxima fase. Para cada problema, havia uma gama de respostas, e o jogador precisava a escolher a que melhor se encaixava. As questões eram lançadas semanalmente e o tempo de resposta variava de um a três dias.

A estratégia usada pela NET faz parte de um fenômeno chamado gamificação, que nada mais é do que “usar a mecânica e o pensamento dos jogos em contextos que não são de games para engajar pessoas e resolver problemas”, na definição de Gabe Zichermann, autor do livro “The Gamification Revolution: How Leaders Leverage Game Mechanics to Crush Competition” (em português, algo como “A revolução da gamificação: como líderes usam a alavanca da mecânica de games para esmagar a concorrência).

Pelo menos na companhia de TV por assinatura, a iniciativa funcionou. Das 16 mil pessoas que integram o time da NET, 6 mil completaram todas as etapas do jogo. “Foi um programa de comunicação muito positivo. Conseguimos passar um conteúdo que às vezes é muito técnico de uma forma lúdica e que gerou aprendizagem, com uma linguagem jovem, próxima à do nosso público”, conta Daniely Gomiero, gerente de responsabilidade social e comunicação da empresa.

A NET não está sozinha nessa tendência. Segundo um estudo feito pelo Gartner Group, a expectativa é de que mais da metade das empresas que têm projetos de inovação gamifiquem esses processos até 2015. Tudo não passa de “estabelecer problemas reais para aprimorar técnicas através do computador”, conforme Celio Placer de Almeida, professor da FIA. “A vantagem é que, se há erro, é possível voltar e analisar onde ele aconteceu, sem danos. A mesma coisa vale para o sucesso. Dá para ver melhor como foi que deu certo”, defende.

Segundo ele, usar os games para testar estratégias de marketing e comportamento do mercado, por exemplo, é um grande avanço. “É possível experimentar o lançamento de um produto junto a grupos de diferentes comportamentos, em uma diversa gama de locais. Antigamente isso só podia ser feito por tentativa e erro. Agora acontece em laboratório. Com a informática, é possível chegar a um ponto ótimo entre todas as variáveis”, explica o professor.

A mesma ideia serve para a logística. Por meio dos jogos, de acordo com o professor, pode-se verificar o custo-benefício de ter um estoque de produtos maior para épocas em que a demanda cresce (como no Natal), trabalhando com diversas possibilidades de preços, capacidade de distribuição e giro dos itens, conforme Almeida.

Os games também são bastante utilizados pelos profissionais de recursos humanos, seja para a seleção de talentos ou treinamentos. A Natura, por exemplo, usa simuladores para workshops e atividades que trabalham a tomada de decisão dos gestores. Já na Ambev, os jogos são aplicados em uma das fases do processo seletivo de trainess. A primeira vez que eles foram utilizados, foi no ano passado. Por meio de uma ferramenta online, cada candidato recebe um problema e uma série de informações sobre uma determinada área da empresa. No jogo, ele é o responsável por aquele setor e tem 30 minutos para apresentar uma estratégia sobre a questão levantada. Ao fim do tempo, acontece uma reunião virtual com um executivo da Ambev, para o qual ele deve apresentar as soluções.

“Para nós, foi excelente porque substituimos uma etapa coletiva do programa. A ferramenta possibilita a análise da capacidade de improviso e o poder de criação do trainee. É muita informação em pouco tempo. Assim, filtramos e avaliamos algumas competências que não conseguíamos antes”, explica Isabela Garbers, gerente de recrutamento e seleção da Ambev.

Além de tudo, “os jogos também podem ajudar gestores a focarem em ideias criativas e em metas ao desenhar uma estratégia com seus funcionários por meio de um processo chamado ‘gamestorming’, que é uma sessão de brainstorm com regras de games envolvidas”, garante Zichermann.

Os games “comuns” também são válidos

Não só os games desenvolvidos para o ambiente corporativo que trazem benefícios para a gestão de uma empresa. Pessoas que jogam videogame são mais inteligentes, segundo defende Celio Placer de Almeida, professor da FIA. E quem é que não quer funcionários que raciocionam melhor? “Eles aumentam a agilidade mental, porque trabalham com muitas variáveis concomitantemente. Resolver uma coisa de cada vez, é coisa que vem de antes da geração Y”, diz. Segundo ele, porém, é preciso tomar cuidado para não cair no vício.

Alex Tabor, co-fundador e diretor técnico do Peixe Urbano, utiliza a técnica. Ele gosta de jogar GTA5. “É o meu escape de estresse. Apesar de ser um jogo violento, ajuda na memória, porque eu tenho que aprender uma sequência de botões para realizar uma determinada ação. O cérebro é uma máquina de conexões que fica mais forte de acordo com o quanto você usa. Isso me faz lembrar um número de telefone com mais facilidade, por exemplo”, conta.

Gabe Zimermann defende ainda que os jogos ajudam as pessoas a se reconectarem com as suas paixões. “Por exemplo, um engenheiro deve ter treinado toda a sua vida para uma emergência na fábrica que ele trabalha, mas ele normalmente nunca tem a experiência de operar uma fábrica durante uma emergência (graças a Deus). Contudo, quando ele vai pra casa, ele pode jogar um game em que ele é o gerente de uma fábrica que está pegando fogo e p seu avatar tem que planejar para tirar todo mundo do prédio. Desse jeito, ele está alimentando a sua paixão pela sua indústria viva”, afirma.

Texto de Luísa Melo
Exame.com

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