A alimentação saudável é uma das tendências globais para a alimentação, relacionada à saúde, à conveniência e ao estilo de vida. Além disso, os millennials querem ser ouvidos e demandam conexões com as marcas, cobrando delas atitudes éticas.
“O consumidor do futuro será mais exigente com a qualidade, a saúde e a personalização dos alimentos, porém terá menos tempo para se preocupar com comida. Isso demandará das empresas maior produtividade aliada à sustentabilidade e, para isso, a tecnologia será fundamental”. Esta é a análise da especialista em consumo Marina Schwartzman, gerente sênior da Euromonitor International, empresa de inteligência de mercado com atuação em 80 países nos cinco continentes.
Durante a Rota do Desenvolvimento MS, ela relatou que somente 2015, de acordo com os últimos dados disponíveis, foram consumidos 2,3 trilhões de dólares em alimentos industrializados no mundo. “Olhando para o futuro, o consumo global de alimentos deve crescer a uma taxa de 2,3% ao ano até 2020. Quarto maior mercado de alimentos no planeta, o Brasil deve crescer 3,7% ao ano no mesmo período, sendo que o setor de comidas prontas, como marmitas e congelados, é o que mais crescerá”, detalhou.
Nesse cenário, a especialista avalia que os consumidores estão prestando mais atenção do que nunca ao tipo de produtos e suplementos que consumem para sua saúde e bem-estar. Desde o controle de qualidade, das fontes e dos ingredientes nas informações nutricionais nos rótulos dos produtos até uma percepção mais precisa de seus benefícios para a saúde, os consumidores estão se tornando os condutores de uma nova transformação nos hábitos e nos espaços das refeições.
“Eles querem produtos que satisfaçam suas necessidades nutricionais, que ajudem na perda ou manutenção do peso ideal para a saúde e, até mesmo, a minimizar os efeitos do envelhecimento”, afirma Marina. Nesse sentido, ganham espaço os alimentos menos industrializados, com níveis mais baixos de sódio, açúcar, gordura, conservantes e corantes, ou produzidos de forma mais sustentável, e com alto grau de conveniência (fáceis de comprar e de transportar).
Millennials
Se no passado a indústria alimentícia moldava o comportamento dos consumidores e impunha o que deveria ser consumido, agora são as pessoas que influenciam o que indústria deve produzir e disponibilizar no mercado. Com a produção voltada ao desejo dos consumidores, as empresas precisam conhecer quem são esses consumidores e o que desejam. E serão muito bem-sucedidas aquelas que entenderem e atenderem bem essas demandas.
É nesse contexto que se encontram os millennials. Também chamados de geração Y, são jovens nascidos entre 1980 e 1994 que representam 23% da população mundial e 25% da população brasileira. “Não podemos ignorar esse público, que já tem e terá cada vez mais importância para todos os tipos de negócios por seu altíssimo poder de compra e capacidade de influenciar outros consumidores com seu senso de responsabilidade social e ambiental”, enfatiza Marina.
Millennials são altamente conectados e presentes nas redes sociais, desconfiam das propagandas tradicionais, querem ser ouvidos e demandam conexões com as marcas, cobrando delas atitudes éticas. Para eles, não é importante possuir coisas, mas ter acesso a elas, o que faz da experiência algo central. “Eles esperam que as marcas ofereçam não só um produto ou serviço, mas também uma nova experiência agregada. Se não gostam do serviço, reclamam para a família, os amigos e em público”, complementa a especialista.
Tendências da alimentação saudável
De acordo com Marina, as pesquisas e análises da Euromonitor International mostram que as tendências globais para a alimentação estão relacionadas principalmente à saúde, à conveniência e ao estilo de vida. No Brasil, as categorias que mais cresceram nos últimos anos e devem continuar crescendo não variam muito: alimentos orgânicos, para intolerâncias, fortificados ou funcionais e os conhecidos como better for you, como detalhados a seguir:
Saúde – Não é suficiente dizer diet, pois esse apelo não funciona mais. A indústria deverá focar nos alimentos enriquecidos com proteína, com ingredientes naturais e sustentáveis, com menos açúcar, sódio e gordura. Os millennials, por exemplo, querem produtos mais simples, com menos ingredientes, corantes e conservantes. E todas essas mudanças precisam ser bem comunicadas nos rótulos dos produtos.
Conveniência – As mulheres têm participação cada vez maior no mercado de trabalho e, de modo geral, as pessoas têm vidas cada vez mais agitadas. Por isso, demandam comidas mais práticas e fáceis de consumir e levar para qualquer lugar, sem abrir mão da qualidade e das características saudáveis. O café da manhã portátil é um ótimo exemplo.
Alimentos orgânicos e para intolerância – Eles já movimentam 35 bilhões de dólares por ano no mundo e a tendência é de crescimento acentuado. Cada vez mais pessoas estão dispostas a pagar por produtos limpos, sem ingredientes artificiais. Alimentos para diabéticos, livres de glúten ou de lactose, por exemplo, também serão cada vez mais requisitados.
Alimentos funcionais e better for you – O mercado global de alimentos fortificados ou fortificados, que proporcionam benefícios adicionais à saúde além da nutrição, já é de 260 bilhões de dólares e está em franca expansão. Na mesma linha, existe um grande mercado para os better for you (melhor para você), alimentos que passam por alguma alteração na fórmula para serem mais saudáveis, como redução de carboidratos, gordura, sal, açúcar ou cafeína.
Para saber mais, procure o Sebrae.