Sobá é sinônimo de feira, certo? Errado.
A iguaria, patrimônio imaterial de Campo Grande, virou marca e saiu da Feira Central para ganhar o mundo. Apreciado nas mais de 50 sobarias espalhadas pela cidade, o sobá poderá ser encontrado em franquias de shoppings, ao lado de hambúrgueres e batatas fritas.
A iniciativa partiu de empresários da Feira Central que diagnosticaram a dificuldade ao produzir macarrão artesanal em larga escala e propuseram a criação de uma fábrica de macarrão para fornecer às empresas locais e assim viram uma outra oportunidade: transformar o negócio em franquia.
Dono de uma sobaria na feira há 23 anos, Marcos Aurélio Taira é um dos cinco sócios da marca Sobá de Campo Grande, que deverá ter a loja piloto em um supermercado da Capital. Terceira geração da família no Brasil, o administrador e empresário, Marcos Aurélio percebeu a diferença entre gerir um negócio à distância e estar presente todo o tempo. “Apesar de toda a experiência de feira, eu tive que aprender do zero a administrar uma franquia, porque nesse formato, o olho do dono nem sempre está presente para engordar o gado”, reflete o empresário.
Ele conta que a experiência com a franquia ampliou os horizontes do grupo de sócios. “Na feira o contato humano está presente na relação comercial, é um outro público que vamos atender na franquia, na verdade não estamos criando um concorrente e sim expandindo a cartela de clientes”, comemora.
Resultado da parceria entre Sebrae, Associação Brasileira de Franchising – ABF e as incubadoras da Prefeitura Municipal de Campo Grande, a franquia foi contemplada pelo edital nacional do Sebrae que ofereceu capacitações e consultorias para desenvolvimento do produto, cardápio, logomarca e formato de loja. “O atrativo principal é o sobá, mas ao abrir o cardápio o cliente encontra outros sabores típicos, como o pacu e a mandioca amarela”, detalha Taira.
Alvira Appel, presidente da Associação da Feira de Campo Grande, vislumbra outros projetos. “O sobá abriu as portas para outros empresários da feira, pois eles também podem vir a ser fornecedores de produtos in natura para as franquias, afinal, quem tem mais experiência que eles?”, brinca. E comemora, “sabe quem vai fornecer o uniforme para a franquia? Uma feirante!”.
Como abrir uma franquia
Para aderir à franquia do sobá, é necessário cadastrar-se no site da empresa e aguardar os resultados da loja piloto que, vai nortear o funcionamento de todas as outras. A partir da análise dos sócios, a responsável pela Unidade de Criação e Inovação da prefeitura, Edna Antonelli explica que “a proposta estará aberta inicialmente para o centro-sul do país, por uma questão logística, pois tudo é novo para os empresários, eles vão aprendendo conforme o desenvolvimento do projeto dia a dia”.
Serão dois formatos de loja, um voltado para restaurantes de rua e outro para shoppings, com investimento médio de R$ 150 mil. Nos restaurantes, a franquia oferece o cardápio completo e necessita de uma área entre 120 e 300 metros quadrados e 10 funcionários por turno, para atender à mesa até 100 pessoas. Já para lojas em shopping, com cardápio enxuto e sistema chama-senha, são necessários 16 funcionários nos dois turnos e, um espaço mínimo de 35 metros quadrados.
Para mais informações da franquia e ter acesso ao cardápio, acesse o site: www.sobadecampogrande.com.br
Como o sobá chegou a Campo Grande
As migrações japonesas ao Brasil se intensificaram com a Segunda Guerra Mundial, quando o País ficou destruído. Muitas colônias japonesas se fortaleceram na agricultura enquanto vendiam hortaliças em feiras.
Quando o sobá caiu no gosto do campo-grandense, muitos migraram de atividade e passaram a servir o prato nas feiras de bairro. “A maioria que veio para o Mato Grosso do Sul é de Okinawa, pois encontrou condições climáticas conhecidas e lá, o sobá é comum”, relembra Taira. Como muitos imigrantes eram da ilha, comer sobá na nova terra tornouse um hábito comum entre os agricultores japoneses. “Mas só foi quando o brasileiro, curioso, descobriu essa ‘marmita’, que o sobá se popularizou”, brinca.
Fonte: Conexão Sebrae – Ed. 57.
Foto: Laryssa Caetano