Empreendedorismo

23 novembro, 2018 • Empreendedorismo

Turismo gastronômico: identidade com sabor

Viajar e comer bem. Tem coisa melhor? Turismo e gastronomia têm uma ótima relação. Ao longo do século XX ela foi ficando cada vez mais estreita, principalmente pelo fato de que o hábito de viajar deixou de ser apenas uma mera questão de deslocamento e incorporou-se como uma opção de lazer em períodos de descanso.

No final dos anos 1990, essa especialidade de turismo ganhou um nome próprio, o Culinary Tourism – turismo culinário ou gastronômico; o que reforçou ainda mais a modalidade. Além disso, com o crescimento de destinos e opções, foram surgindo até mesmo guias especializados do segmento, como o conhecidíssimo Guia Michelin ao redor do mundo e o Guia Quatro Rodas, no Brasil.

Em Mato Grosso do Sul, as opções gastronômicas são imensas. Muito se dá graças à própria constituição da população local, formada por indígenas, imigrantes paraguaios, bolivianos, árabes, japoneses e também famílias vindas de outras regiões do Brasil, como o Sul do país, São Paulo e Minas Gerais. Nessa mistura toda, quem sai ganhando é o visitante, que consegue saborear diversas opções culinárias em um único lugar.

O chef Paulo Machado é um dos profissionais que entendem que a gastronomia pode ser um grande aliado do turismo local, principalmente no Brasil, onde há um vasto repertório de ingredientes, pratos e técnicas. “As pessoas que vêm ao nosso estado buscam com curiosidade, além das belezas naturais de Bonito e Pantanal, comer chipa, churrasco pantaneiro, guavira, peixes de rio, tomar o tereré. E se surpreendem ainda mais ao descobrir sobá, inúmeros pratos árabes, saltenhas, sopa paraguaia, mingau de bocaiúva, e por aí vai”, afirma.

Paulo acredita que uma boa maneira desse segmento decolar de vez é os profissionais da área estudarem e ampliarem seus conhecimentos. Outro ponto importante é entender que a gastronomia regional está relacionada também a seus aspectos históricos e ainda respeitar a sazonalidade dos ingredientes, os produtos locais e os modos de preparo, por exemplo. “Tudo isso rende um profissional apto a receber quem vier a procura de uma experiência turística diferente”, pontua.

O chef está à frente do projeto Brasil Food Safaris, que realiza viagens para lugares exclusivos com foco na gastronomia regional. São escolhidos destinos ao redor do país com relevância cultural e os roteiros incluem aulas práticas com cozinheiros locais, visita a mercados para reconhecimento e compra de ingredientes, visita a atrativos turísticos, passeios pela natureza e pelo habitat da população local e refeições em restaurantes de chefs renomados. São diversos os locais escolhidos, dentre eles, o Pantanal sul-mato-grossense.

Releituras

Com três décadas de vida dedicadas à gastronomia, Dedê Cesco é categórica ao afirmar que o segmento caminha de mãos dadas com o turismo. Para a chef, as pessoas cada vez mais buscam roteiros que unam as duas coisas, uma vez que a gastronomia local tem um forte apelo de identidade. “É a partir dela que conhecemos de fato um povo. Por isso, cabe a nós, cozinheiros, e também aos profissionais do Turismo valorizar nossa culinária regional, para que nossa gastronomia fique par a par com as belezas naturais de nossa terra”, explica.

Dedê é uma das chefs mais atuantes no estado no que diz respeito a essa valorização. Em seu mestrado em estudos fronteiriços, passou meses no Pantanal observando e aprendendo com as esposas dos peões pantaneiros preparam a comida. Ela acredita que valorizar o produto da terra ajuda mais ainda a fortalecer o Turismo, mas que antes os próprios moradores locais precisam conhecê-lo melhor. Uma boa estratégia é apresentá-lo às pessoas, seja da maneira original ou em releituras, como em sua receita do macarrão de comitiva, uma reapresentação da receita tradicional pantaneira que, em sua versão, leva banana verde no lugar da massa.

Valorização

O chef Marcílio Galeano é originalmente formado em Turismo e acredita que Mato Grosso do Sul ainda precisa avançar bastante no segmento quanto ao quesito gastronômico. “Acredito piamente que a culinária regional é uma forma de alavancar o turismo e desenvolver a parte cultural da região, mas nosso estado ainda está um pouco atrasado nisso”, pontua.

Ele explica que isso acontece porque o MS é um estado novo, com muitas influências e uma cultura ainda não definida. “Com o tempo, a gastronomia local vai se desenvolver mais. O que precisamos é de restaurantes locais que valorizem nossa produção, assim, os clientes podem aprender a valorizá-la também”, afirma.

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