O uso da mecânica de jogos em situações que não sejam de jogos, isso é a gameficação. A ideia é encorajar determinados comportamentos aproveitando a predisposição do ser humano para desafios. Segundo a Wikipedia, a estratégia é motivar as pessoas em tarefas que elas normalmente consideram entediantes.
Os jogos eletrônicos fazem parte da vida de quatro em cada dez brasileiros, segundo pesquisa recente da F/Nazca. De acordo com o mesmo estudo, divulgado em dezembro de 2010, adultos com idades entre 18 e 35 anos passam pelo menos 18 horas por semana imersos em um ambiente virtual.
O professor Luiz Claudio Zenone, doutor em Ciências Sociais, acredita que as empresas aproveitaram a ideia dos games por verem uma oportunidade para crescer:
“Elas percebem o valor dos games para treinamento de funcionários (estimulo para lideranças, tomada de decisão, lidar com problemas, ações dos concorrentes, etc.), simular situações de vendas e marketing (analisar campanhas, levantar perfil de usuário, lançamentos de produtos e serviços, etc.), entre muitas outras atividades. Como cada tipo de jogo tem uma característica e envolve certa habilidade, a abrangência da utilização dos games para ação mercadológica e significativamente alta e, portanto, podem ser muito proveitosa para as empresas”.
O mercado de jogos eletrônicos movimentam uma enorme quantia de dinheiro e de pessoas em todo o mundo e já superou em faturamento a indústria do cinema e da música. Em 2010, foram gastos US$ 58,2 bilhões com software e publicidade para jogos, segundo a consultoria PricewaterhouseCoopers.
De Harvard ao MIT, do McDonald’s à IBM, os jogos viraram uma plataforma respeitadíssima de ensino. “Videogames nos levam ao hábito de resolver problemas, o que é essencial em qualquer carreira”, afirma Jesse Schell, professor da Universidade Carnegie Mellon, em entrevista à revista Época.
Saiba como empresas de diferentes tamanhos estão usando os games corporativos e descubra qual modelo se aplica ao seu negócio:
1 – Publicidade
A marca de absorventes Sempre Livre, da Johnson & Johnson, passou à Webcore Games o desafio de transformar um assunto potencialmente constrangedor em um tema divertido. A ideia era divulgar um novo absorvente, com foco em segurança e conforto. A saída foi criar uma dança das cadeiras virtual. No game, até dez mulheres se enfrentam em desafios on-line. A empreitada foi bem-sucedida: as usuárias permanecem, em média, 21 minutos conectadas. Além de funcionar como publicidade, o jogo fortalece o relacionamento com a marca.
2- Recrutamento
A rede hoteleira Marriott encontrou um jeito inovador de verificar se os candidatos às suas vagas têm as habilidades necessárias para o cargo. Colocou no Facebook um game ao estilo Farmville, em que os jogadores administram o restaurante do hotel. São várias tarefas: contratar pessoas, treiná-las, comprar alimentos etc. Se os clientes estão satisfeitos, o personagem evolui e passa a trabalhar em outros setores. Os melhores no ambiente virtual poderão preencher, no mundo real, as 50 mil vagas que a empresa abrirá até o final do ano.
3 – Treinamento
Para ter certeza de que seus motoristas de caminhão estavam guiando de maneira segura e utilizando a tecnologia disponível no painel de controle, a empresa de gestão de frotas Sascar pediu à desenvolvedora Oniria um simulador em terceira dimensão. O jogo apresenta aos funcionários situações reais das estradas, avisando, por exemplo, qual a velocidade máxima em cada via. O game avalia se o motorista está adotando atitudes de risco, como forçar a passagem em pista muito inclinada ou cheia de animais.
4 – Marketing
Colocar uma tela grande e cheia de ETs na fachada é um modo interessante de chamar a atenção para uma loja de informática. Melhor ainda se o cliente puder explodir os alienígenas com o toque dos dedos. O game serviu para atrair novos clientes para a inauguração da loja da Compusystem no Shopping Catuaí, em Londrina, no Paraná. O jogador ficava dentro de uma nave passeando em ritmo frenético, enquanto tentava acertar os seres de cabeça verde. Um totem com o software do jogo continua em exposição na loja.
Com informações da revista PEGN – Marco Zanni