Sentado atrás de uma mesa cheia de papéis e usando seus óculos de trabalho, Hélio Carlos Nantes relembra que a ideia de fundar a Panificadora Monte Líbano surgiu durante um curso de Marketing pago pela empresa de telefonia em que trabalhava. O ano era 1985 e o Brasil passava por grave crise inflacionária; seu salário vinha diminuindo e o governo lançando planos econômicos prometendo melhoras, mas Hélio não via muitas perspectivas.
“Eu vou ter que mudar para um negócio meu, onde eu decida o que eu vou fazer”, relembra.
O curso durou seis semanas e, já tendo feito amizade com o professor que conduzia as aulas, Hélio compartilhou com ele a sua vontade de montar um negócio próprio. Juntos, pesquisaram e chegaram a três tipos de empreendimentos que demandariam pouco capital, mas que tinham grande chance de sucesso: posto de combustível, restaurante por quilo e padaria.
Encontrando o local perfeito
Ainda empregado, Hélio voltou da capacitação decidido a abrir a padaria. Dividiu a ideia com a mulher e, juntos, começaram uma verdadeira empreitada para encontrar o local ideal para instalar o empreendimento. “Uma coisa que eu aprendi no curso foi fazer pesquisa. Então, todo dia, às cinco da tarde eu pegava minha mulher e parava meu carro aqui nessa rua (Sebastião Lima) e contava todos os carros que passavam vindos da cidade em direção ao bairro; e isso indicava que todos esses eram clientes potenciais. Fizemos a mesma coisa durante uma semana”, conta.
Hélio e sua mulher também fizeram pesquisas de amostragem, para saber quantas pessoas, em média, moravam em cada casa ou apartamento do bairro. E não só na região do Monte Líbano: em outros 16 pontos da cidade. Uma saga que durou quatro meses.
O local, onde hoje está localizada a padaria era apenas mais um terreno baldio em 1985 e, decidido a montar seu negócio ali, Hélio partiu para investigar quem era o dono. “Minha mulher foi perguntar para o dono da farmácia que tinha aqui na frente de quem era o terreno, e ele disse que era do Abdalla Sleiman e que ele não venderia para ninguém”. Por uma incrível coincidência, Abdalla tinha sido o primeiro patrão de Hélio quando o empresário tinha apenas 14 anos. “Eu fui expulso de uma escola e meu pai me colocou para trabalhar”, relembra.
Para que essa massa não desande, é preciso contar com a família
Desde a concepção do projeto até a administração, Hélio se cercou de pessoas de confiança para dar vida à Monte Líbano. Foi esse suporte, tanto de sua própria família quanto de amigos, que se tornou fundamental para que o negócio progredisse mesmo quando o empresário precisava se ausentar para se dedicar ao seu outro emprego.
Para que a padaria pudesse ser construída, Hélio contou com a ajuda de um velho amigo e ex-companheiro de trabalho. A sociedade firmada na confiança e contratos escritos à lápis fez com que ambos desembolsassem suas economias durante a construção da primeira unidade e, posteriormente, se ajudassem na concepção da segunda unidade na Rua Tietê. “Nas pesquisas que fiz, o local ficou em segundo lugar como grande potencial e usamos isso para abrir a padaria lá também”, observa.
A Monte Líbano passou por quatro ampliações durante sua história, crescendo sempre em ritmo contínuo. Segundo Hélio, uma administração certeira e a contratação de bons funcionários foram fundamentais para que o negócio desse certo. E o Sebrae também fez parte dessa história: “O Sebrae ajudou bastante no começo, o melhor curso de padeiro que eu fiz foi no Sebrae. Tiveram treinamentos em que eu participei que ajudaram bastante, eles me davam assistência e acompanhavam meu negócio. Teve um tempo em que eu fornecia lanches para eles lá também, quando tinha algum evento”, comenta.
Há 33 anos expandindo os negócios em Campo Grande
Hoje, o grupo possui seis empreendimentos, entre padarias e um centro de produção, todos administrados por membros da família de Hélio. Ao contar a história da padaria, transparece em suas falas o grande amor que Hélio cultivou pelo negócio e pelas pessoas que ali trabalham, algumas prestes a comemorar 25 anos de empresa. Por ali passaram mães, pais, filhos, e ele espera que venham os netos para que a Monte Líbano continue viva.
O empresário afirma que, enquanto conseguir trabalhar, vai continuar tocando os negócios: “Se você me perguntar qual o segredo do sucesso eu te resumo em uma palavra: dedicação”, finaliza.