Modernizar equipamentos, aumentar financiamento para clientes ou trocar mobiliário de forma rápida e fácil, pagando em várias parcelas pode ser tentador para o empresário. Entretanto, agir por impulso na hora de financiar as compras da empresa pode colocar em risco a saúde financeira dos micro e pequenos empreendimentos. O crédito fácil pode se tornar uma faca de dois gumes para quem procura por financiamento.
De acordo com o consultor Paulo Regis, as medidas de facilitação do crédito tomadas nos últimos meses acabaram por provocar “a banalização do crédito, que leva ao endividamento desnecessário e traz problemas a micro e pequenas empresas.” No entanto, Paulo considera que dois momentos são apropriados para a busca do crédito.
O primeiro deles é para quem está iniciando um empreendimento e já tem em mãos o plano de negócios e a estimativa do montante necessário para o investimento. “Porém”, avisa o consultor, “antes de procurar por financiamento, é preciso levar em conta que o custo do crédito para capital de giro é maior e tem prazo de pagamento menor. Já o custo do crédito para investimento fixo, ao contrário, é mais barato e tem um prazo mais dilatado para o pagamento.”
“O empresário que começa deve analisar se é mesmo necessário buscar recursos de terceiros e, se for este o caso, deve guardar o dinheiro que ele já tem para capital de giro e pegar nas instituições financeiras apenas o que faltar para o investimento fixo porque assim, pagará juros menores”, explica.
Para quem já está estabelecido, a expansão dos negócios pode determinar um bom momento para a busca do crédito. Neste caso, a recomendação do especialista é negociar. “O empresário deve e precisa negociar os juros com a instituição financeira e aplicar o dinheiro em estoque ou em prazo para o cliente”, enfatiza.
O empresário Lisbertino Barbosa da Silva, que atua no setor da construção civil, contratou um crédito junto à Caixa Econômica Federal e se diz satisfeito com o negócio, fechado há poucas semanas. “O dinheiro será usado em investimento fixo e vou pagar em dois anos, com uma taxa de juros bem acessível”, explica. Lisbertino é um empreendedor individual, que trabalha há 17 anos no setor. “Em 2010 eu formalizei a minha empresa e isso me abriu muitas portas, como ter acesso ao crédito”, diz.
A empreendedora Francisca Cavalcante de Lima, proprietária de uma mercearia em Campo Grande, fez uso de linha de crédito do Banco da Gente pela segunda vez. “Da primeira vez, foi para capital de giro e foi muito bom, consegui até adiantar as parcelas e terminei de pagar antes do prazo. Dessa vez eu usei o dinheiro para investimento fixo e comprei novos balcões e refrigeradores para a mercearia. Quando a gente usa bem o dinheiro, não há perigo de ficar endividado”, avalia.
Quando o crédito é um mau negócio
Contratar financiamentos para suprir deficiência de gestão “nunca será um bom negócio”, comenta o consultor. “Deficiências como erros na formação do preço de venda ou excesso de oferta nos prazos de pagamento para o cliente, devem ser supridas com palestras ou cursos nos quais o empresário se tornará capacitado a resolver esses problemas. Essa é a saída. Procurar por crédito nesses casos não é recomendado.”
Paulo continua, explicando que, em caso de superendividamento, o empresário deve procurar a instituição financeira e negociar a dívida. “O empresário não deve ter medo de oferecer uma proposta de negociação, ao contrário, deve negociar novos prazos e novas taxas de juros, com base em um planejamento que possa ser cumprido porque a partir do momento que o acordo é fechado, ele deverá cumprir”, finaliza.
Jornal Conexão Sebrae, Ed 66