Atualmente as pessoas estão cada vez mais com o costume de andar com valores baixos em dinheiro na carteira e preferindo pagar tudo no cartão, seja no débito ou no crédito. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS), mostram que em 2015 foram mais de R$ 1 trilhão em transações. Por causa disso, hoje fica cada vez mais difícil para um comércio não aceitar essa forma de pagamento. Mas existem ainda estabelecimentos que preferem o pagamento somente no dinheiro e sem perder clientes por isso. Conheça o caso do Thomaz Lanches, de Campo Grande.
Thomaz Lanches – desde 1978, só no dinheiro
Famoso pelas esfirras e salgados saborosos, o Thomaz Lanches tradicionalmente não aceita cartões — nem de débito, nem de crédito. Segundo Marisete, do departamento pessoal e fiscal da lanchonete, alguns clientes até chegam a perguntar sobre quando o estabelecimento irá aceitar os meios “modernos” de pagamento, mas como já é um local tradicional, os clientes de longa data aceitam bem a decisão do local.
O sistema do Thomaz Lanches é completamente na confiança: o cliente chega na lanchonete, pede o que quer, consome e depois vai ao caixa, diz o que e quanto consumiu e paga, sem nenhum controle por parte do estabelecimento. E funciona? “Estamos aqui desde 1978 e essa confiança sempre deu certo”, afirma Marisete.
Quando questionada sobre o que poderia mudar se o local passasse a aceitar cartões, Marisete afirma que poderia atrapalhar mais do que ajudar. “Temos um fluxo muito grande de pessoas, operações de cartão, que demoram mais pois dependem de sinal de operadora e internet, poderiam acabar atrasando o trabalho”, defende.
Débito ou crédito: a palavra do economista
O economista Werner Dreyer também confirma que existem sim os pontos positivos de não aceitar cartão. “Os estabelecimentos que não aceitam essa forma de pagamento podem estar querendo melhorar o fluxo de caixa da empresa, pensando em vender mais com preços atrativos, já que o uso dos cartões impacta diretamente no preço, buscando ganhos nas quantidades de mercadorias comercializadas”, diz o economista.
Porém, Dreyer concorda que existem os pontos negativos de ir contra essa tendência moderna. “A aceitação de cartões como meio de pagamento é um caminho sem volta. Imagine você, cliente, que está acostumado a pagar todas as suas compras com cartões, chegar a um estabelecimento comercial sem dinheiro, e não poder efetivar seus pagamentos da forma já usual? Há a possibilidade de não comprar mais naquele lugar”, afirma.
Sou um pequeno empreendedor e quero aceitar cartão: o que devo mudar?
O economista explica que é possível praticar preços bons aceitando cartões como forma de pagamento. “Se a empresa recebia somente em dinheiro por suas vendas, ela pode agregar o custo das taxas cobradas aos preços. As taxas acabam impactando no resultado da operação, pois passam a se tornar gastos que precisam ser considerados”. No entanto, Dreyer lembra que o preço de venda não é determinado somente pela empresa. “O mercado em que a empresa se encontra inserida é que determina o preço de venda”.
Entre crédito e débito, o ideal, a partir do momento em que o estabelecimento passa a aceitar os cartões como forma de pagamento, é aceitar ambos. O economista é quem explica: os recebimentos com cartões de débito têm uma liquidez quase imediata, auxiliando na recomposição mais rápida do fluxo de caixa, tendo ainda um custo bem menor nas taxas cobradas. Já o cartão de crédito (com 30 dias ou parcelado), terá um custo de taxa cobrada, maior, mas como é largamente aceito como forma de pagamento, dificilmente alguns setores da economia não tem como não os aceitar.
Se você está pensando em adotar a famosa “maquininha de cartão” e ainda tem dúvidas, saiba que os consultores do Sebrae estão à disposição para ajudar você e seu negócio a prosperarem sempre!