O futuro chegou. Você acessa à internet pela televisão, checa as câmeras de segurança de sua casa pelo celular e até monitora seu rendimento na corrida ao final do dia utilizando uma pulseira. Um tempo atrás parecia cotidiano da família Jetson, mas isso tudo – e muitas outras coisas – já fazem parte do nosso dia a dia e está dentro de um conceito chamado Internet das Coisas (IoT – Internet of Things).
De maneira resumida, ela tem a ver com o modo como os objetos que usamos diariamente estão conectados e se comunicando entre si e com o usuário, por meio da Internet, de sensores inteligentes e programas que transmitem dados para uma rede. É quase como se fosse um grande sistema nervoso, possibilitando a troca de informações entre dois ou mais pontos.
“Alguns exemplos são casas que possuem sistemas de segurança que ligam ou mandam mensagem para o celular do proprietário quando as câmeras ou cercas elétricas são acionadas, relógios que recebem mensagens ou encaminham ligações, e as TVs que se conectam ao Youtube ou Netflix”, explica Diogo Soares, engenheiro da computação e mestre em Ciências da Computação, que trabalha desenvolvendo softwares para diversas plataformas e experimentos com IoT e Realidade Virtual.
Ele afirma que a Internet das Coisas facilita a vida das pessoas trazendo muito mais comodidade. Com ela é possível automatizar tarefas ou facilitá-las. “Um amigo meu, por exemplo, construiu um dispositivo que rega seu jardim sempre que a terra fica muito seca, sem ele precisar fazer nada”, conta.
Mas não é apenas para pequenos luxos em nosso dia a dia que a IoT serve; pelo contrário, ela já é usada e pode ser definitiva para muitos segmentos. Em hospitais e clínicas, pacientes podem ter dispositivos conectados medindo batimentos cardíacos ou pressão sanguínea, coletando dados e enviando em tempo real para o sistema que controla os exames.
Na agropecuária, sensores espalhados em plantações podem dar informações precisas sobre temperatura, umidade do solo, probabilidade de chuvas, velocidade do vento e outras informações essenciais para o bom rendimento do plantio e outros sistemas podem ajudar no controle e rastreio de animais, facilitando ainda o controle de vacinas, por exemplo. Já no transporte público, usuários podem saber pelo smartphone a localização dos ônibus na rota, e sensores podem ajudar a empresa a descobrir se um veículo apresenta defeitos mecânicos, como anda o cumprimento de horários, ajudando a indicar, inclusive, a necessidade ou não de reforçar a frota.
Isso mostra também como o mercado está aberto e pedindo por expansão nessa área. Marcelo Siqueira trabalha com tecnologia há 20 anos, atualmente tem uma empresa que desenvolve soluções e inovações tecnológicas e ainda atua fomentando o aprendizado e uso de IoT, Inteligência Artificial e Data Science. “Existem programas de fomento e investimentos para criações de soluções em IoT. O segmento é caracterizado como empreendedorismo e inovação, então já é uma realidade como sendo um bom negócio e todos os setores estão ainda carentes de inovações tecnológicas”, afirma.
Para o futuro, Marcelo não consegue enxergar uma rotina desassociada da IoT. “Hoje ninguém consegue viver sem um smartphone, essa nova geração já nasceu conectada, muitos nem conseguem imaginar como seria a vida sem a Internet, porém, em breve até o smartphone será coisa do passado. Os ‘wearables’ são uma realidade e esta tecnologia inclui recursos como tecidos inteligentes, que podem controlar temperatura, com sensores para fornecer monitoramento constante do corpo e do meio ambiente, bem como visores de realidade aumentada, para manter usuários atualizados sobre mudanças repentinas no ambiente envolvente, enviando sinais de alerta quando há algum perigo”, pontua.
Diogo Soares complementa ainda explicando que o acesso para quem quer trabalhar com isso está longe de ser exclusividade de alguns. “A Google lançou o Android Things, uma plataforma para a fácil prototipação de dispositivos de IoT e a Amazon tem sua assistente pessoal Alexa, que possui fácil integração com diversos equipamentos, deixando o trabalho de quem quer criar uma casa inteligente muito mais fácil”, revela.
A verdade é que a Internet das Coisas já está aí, veio para ficar e se modifica dia a dia, evoluindo de acordo com as necessidades dos setores. Longe de ser coisa de ficção científica, é a mais pura realidade.