A primeira coisa a fazer para aumentar a eficiência energética é identificar onde estão ocorrendo perdas de energia e quais equipamentos estão obsoletos. Mas o que realmente fará a diferença é o investimento em fontes alternativas de energia.
“Moro num país tropical, abençoado por Deus…”, diz o trecho da brasileiríssima música cantada por Jorge Ben Jor. Além de toda a chuva que esse clima tropical despeja sobre seu território, o Brasil possui o maior potencial hídrico do planeta, com três das sete maiores bacias hidrográficas do mundo. Com tanta água e rios correndo em todas as direções, a energia elétrica no país deveria ser abundante e barata para cidadãos e empresas.
Mas não é o que acontece. Mesmo com uma matriz energética principalmente hídrica, o Brasil tem sofrido muito com as estiagens e a falta de investimentos no setor elétrico. Para suprir a baixa geração de energia pelas usinas hidrelétricas, são acionadas as usinas termelétricas, cujo custo de geração é bem mais alto e aumenta significativamente a conta de luz das empresas, impactando fortemente nos custos operacionais.
Para os pequenos negócios, essa conta é ainda mais pesada e a constante redução do consumo de energia deve fazer parte da estratégia de qualquer empresa. A empresária Anaíra Costa Ovelar, 30 anos, é sócia da Lavanderia Water Clean, em Campo Grande, e conta que, para diminuir a dependência de uma única prestadora de serviço, a empresa investiu fortemente em equipamentos que utilizam o gás natural como fonte de energia.
“Podemos comprar gás de vários fornecedores e, assim, temos maior poder de negociação, o que não ocorre com a energia elétrica, pois temos uma única prestadora desse serviço. Então as nossas secadoras e a calandra [passadeira de tecidos em escala industrial] são a gás”, conta a empresária. Ela também investiu na automatização das máquinas de lavar e nas centrífugas, colocando um inversor de frequência que evita os picos de uso de energia, que eram altíssimos.
Adequações e investimentos em Eficiência Energética
Na avaliação do analista do Sebrae Vitor Gonçalves Faria, as iniciativas da Water Clean estão na direção correta porque a primeira coisa que as empresas devem fazer é identificar onde estão ocorrendo perdas de energia e quais equipamentos estão obsoletos. “Estes então devem ser trocados por outros mais modernos e eficientes e, em seguida, deve ser realizada a manutenção de todos os equipamentos”, observa.
O empresário também deve observar o valor da tarifa cobrado pela concessionária e, se necessário, atualizar a faixa de demanda. Foi o que fez a empresa de Anaíra, que readequou as escalas de trabalho para fora das bandeiras tarifárias amarela e vermelha. “Assim, evitamos ao máximo os horários de pico para utilizar os equipamentos de maior consumo”, comenta, relatando que substituiu todas as lâmpadas comuns por LED e instalou sensores nas lâmpadas externas.
A principal iniciativa indicada por Vitor para o empresário diminuir seus custos, no entanto, é o investimento em fontes alternativas de energia como, por exemplo, a instalação de usinas fotovoltaicas (painéis solares) para suprir o consumo. Conforme ele, o tempo de retorno do investimento em eficiência energética varia de empresa para empresa, mas vai de cinco a sete anos.
O investimento em um sistema de captação de energia solar estava nos planos da Water Clean, mas o projeto foi adiado por conta de outra prioridade: a compra de novos equipamentos que reduzem o tempo de produção e o consumo de água. “Temos que nos reinventar para não sermos engolidos pelos gargalos da infraestrutura pública no país, fator que impacta direta e significativamente no custo e fornecimento de energia elétrica”, observa.
Benefícios ambientais e de imagem
“Além do aspecto financeiro direto, os benefícios ambientais são muito positivos, pois as empresas que investem em eficiência energética estão consumindo menos energia proveniente de termelétricas e diminuindo o consumo de combustível fóssil, um dos responsáveis pelo aquecimento global”, analisa o analista do Sebrae.
Esse benefício ambiental tem outro reflexo muito positivo, que diz respeito à imagem da empresa perante o cliente. “O consumidor tem cobrado e despertado nas empresas, cada vez mais, a conscientização sobre a importância de investir em ações de sustentabilidade, área na qual a eficiência energética está inserida. Portanto, quando bem divulgadas, essas práticas atraem novos clientes e fidelizam os já existentes”, completa o especialista.
Para saber mais, procure o Sebrae.