Pensar no futuro já faz parte do dia a dia de qualquer empresário. Afinal, o mercado é totalmente impactado pelos avanços tecnológicos e a sobrevivência de uma empresa depende de uma gestão que age de acordo com as tendências. Por isso, surgiu uma área na gestão empresarial chamada ‘Future Thinking’ voltada para não apenas imaginar o futuro, mas sim para mapear e delimitar possíveis cenários de atuação, a partir de uma ciência e com ferramentas estabelecidas.
Aqui no Brasil, pouco se ouve falar nesse termo, mas a metodologia já é utilizada pelos empreendedores. O objetivo central é entender o comportamento do mercado e, a partir dessa análise, conseguir traçar planos estratégicos para novas melhorias, ideias e processos à médio e longo prazo.
Afinal, o que é Future Thinking?
É uma proposta de mapear potenciais mudanças no mercado e reconhecer oportunidades de negócios emergentes. E isso baseado em dados científicos para determinar quais as tecnologias e tendências do futuro. Métodos qualitativos, quantitativos, normativos e exploratórios buscam as previsões mais próximas da realidade e identificam as verdadeiras dinâmicas que estão formando o futuro.
Prever o que vai acontecer futuramente no seu negócio realmente é uma tarefa difícil, mas qualquer empresa precisa ter uma visão estratégica das realidades que a cercam. Para o co-fundador da Torus Consulting e conselheiro da Dínamo, Bruno Freitas, o empresário deve saber olhar o horizonte para pensar nos resultados sem perder a competitividade no mercado. “Precisamos lidar com o que acontece hoje com a preocupação de não ficarmos enfraquecidos, vulneráveis e cegos ao que está por vir. E mantermos um eterno senso de interesse pelo desconhecido, para tomarmos decisões estratégicas que visam o futuro”, explica.
Qual a importância de aplicar no seu negócio?
Antecipar verdades dá trabalho e não entrega certezas, mas aprimora suas ideias! Esteja pronto para reconhecer erros e ser capaz de mudar completamente a trajetória da sua empresa a curto e longo prazo, por meio da incessante busca por melhorias.
De acordo com o professor de inteligência do mercado, João Gabriel Chebante, o micro e o pequeno empreendedor devem continuar atentos ao caixa do mês, mas também devem pensar em um modelo de negócio daqui 5 a 10 anos, para se reinventar e permanecer no mercado. “Tentar inovação não apenas nos produtos e serviços a serem oferecidos, mas sim em um novo modelo do seu negócio. Porque é melhor você matar o seu próprio modelo de negócio, do que outro fazer isso por você”, explica João.
Como aplicar o Future Thinking?
Já entendemos que o método busca mapear oportunidades, entender tendências e reconhecer caminhos estratégicos para estarmos preparados para os desafios que virão. Mas, por onde devemos começar? Para ter uma base poderosa no Future Thinking, primeiro precisamos definir a predição estratégica.
De acordo com o cientista Roy Amara, a ‘predição estratégica’ é uma tendência humana de estimar de maneira exagerada o efeito da tecnologia em curto prazo e subestimar seu efeito em longo prazo. Por isso, é primordial que o você perceba qual a real necessidade que a sua empresa está passando no momento e de como a tecnologia pode resolver o seu problema.
Levante os possíveis cenários em que você pode atuar e veja se as tendências tecnológicas estão suprindo suas expectativas. O futuro está se tornando o que você esperava? Está ficando melhor? Ou pior? A partir dessa análise, você consegue perceber se a sua previsão deve ser mais ambiciosa, se está atendendo a suas expectativas ou se está pior do que imaginava. Assim, você consegue calibrar seus pensamentos futuristas com os resultados que quer alcançar a longo prazo.
Um dos muitos casos de sucesso que focaram sua visão em novas formas de negócio, foi a reinvenção da Nintendo Company, Limited. A empresa foi criada por Fusajiiro Yamauchi em 1889 no Japão para fabricar um baralho típico da região chamado Hanafuda. Na década de 70, a companhia estava perdendo mercado para fabricantes de jogos eletrônicos. Então, a empresa tentou entre 1970 e 1980 fabricar fliperamas, mas não emplacaram nos Estados Unidos.
Após os jogos bem sucedidos desenvolvido pela Nintendo, como Donkey Kong Jr. e Mario Bros., a empresa resolveu investir em seu próprio console, lançado no Japão em 1983 e em 1985 nos Estados Unidos. Nomeado como Nintendo Entertainment System (NES), foi o que salvou a indústria de videogames, que estava em crise desde 1983. Com o grande sucesso mundial, a Nintendo se consagrou e se tornou símbolo de uma geração.
Nesse exemplo, notamos que o sucesso do negócio foi a reinvenção do seu modelo de negócio, sem perder a essência do seu propósito inicial: fornecer entretenimento por meio de jogos. A Nintendo passou de uma fábrica de baralhos japonesa, para uma superpotência mundial de videogames. O que mostra que, para uma empresa permanecer no mercado não depende do seu tamanho, mas sim da sua agilidade em visualizar novas oportunidades de negócio e se adaptar a elas.