Texto enviado por Diogo Banzer (Sebrae/MS)
Há poucas semanas terminei de ler o livro A Cauda Longa do autor norte americano Chris Anderson, editor chefe da revista Wired, responsável pela análise nas alterações do comportamento dos consumidores e do mercado, a partir da convergência digital e da internet.
O livro trata da teorização do termo utilizado pela estatística para identificar a Curva de Pareto, onde o volume de dados é classificado de forma decrescente. O fenômeno do crescimento na indústria do entretenimento, mostra o movimento migratório da cultura dos hits para a cultura dos nichos, a partir da criação das novas ferramentas de comercialização digital (e-commerce) advindas da internet. Vou tentar exemplificar a teoria de forma prática: Imagine uma grande loja de varejo onde são comercializados centenas de produtos, agora escolha um produto… CD por exemplo! Os CD´s ofertados pela loja (assim como todos os demais produtos) tem uma limitação física de espaço na prateleira. Geralmente são 100, 200, 300, 500 ou até 1000 títulos certo? Mais que isso não cabe! Você como gerente da loja escolheria quais títulos pra compor sua prateleira? Não sei você, mas eu escolheria os que vendem mais, é claro! Bruno e Marrone, Ivete Sangalo, Roberto Carlos, tudo que vende fácil estaria disponível para o público, ou seja, esta é a cultura dos hits, onde poucos produtos são oferecidos e vendem milhões de unidades.
Porém as grandes gravadoras estão cada vez vendendo menos, o consumidor não quer mais os produtos ofertados as massas, ele quer produtos customizados, ele quer entrar na internet e montar o seu carro, montar o tênis, a roupa, a casa, o computador, entrar no site da iTunes e escolher dentre milhões de músicas quais as que vão compor seu CD ou i-Pod. Assim todo mundo sente-se único e fica feliz, desde aqueles que gostam dos hits de sucesso até aquele cara que compõe o nicho de amantes do punk-rock-underground-marroquino.
O mais interessante desta teoria é que ela prova que a soma do lucro obtido através do pequeno número de vendas dentro destes nichos específicos supera (e muito) as vendas dos hits das prateleiras das lojas. Não é difícil de entender o porquê, como já disse as lojas tem uma limitação física natural para ofertar seus produtos, geralmente 80% do seu lucro equivale a 20% do total de produtos. Já as lojas virtuais não tem limite de produtos ofertados, milhões de itens podem ser disponibilizados para venda, com a vantagem da possibilidade de estoque just-in-time, onde o produto só é solicitado ao fornecedor após a efetivação da compra do mesmo pelo cliente.
O que antes era um mercado ignorado (bandas de garagem, pequenos fabricantes, artistas desconhecidos) agora graças às maravilhas do mundo digital pode ser comercializado juntamente com milhares de outros produtos. Sendo assim empresários e comerciantes, é bom abrir bem os olhos, por que o mundo anda e quem não o acompanha fica só.