Abrir o próprio negócio é o sonho de muitos. Falir esse negócio é pesadelo. Por isso, tantos empreendedores buscam se inspirar e se espelhar naqueles que tiveram sucesso em sua jornada, o que é muito importante e válido, com certeza.
Mas, se pararmos para pensar que muitas empresas só chegaram onde chegaram depois que seus empresários fracassaram, é porque o erro pode trazer também algum aprendizado.
Convidamos Edson Mackeenzy, fundador e CEO do Videolog.tv, o primeiro portal de vídeos do mundo que “quebrou” – como ele mesmo diz – e encerrou suas operações em 31 de janeiro de 2015. Com sua própria história, Edson conta o que a experiência do fracasso pode ensinar a um empreendedor.
Trabalhando em rádios do Rio de Janeiro, Edson, com 16 anos, e mais um amigo, iniciavam suas trajetórias no mundo dos negócios. Vendo a dificuldade das pessoas de lidar com tecnologia, natural do final da década de 1990, abriram uma produtora chamada Produzindo Som Arte e Tecnologia LTDA.
Surfando na onda dos blogs e fotologs, que eram moda na época, cresceram muito rápido e, em 2004, criaram o que viria a ser uma revolução: primeiro portal de compartilhamento de vídeos do mundo, antes mesmo do youtube existir. Em anos dedicados a fazer o Videolog.tv crescer e expandir, foram várias e grandes parcerias, como com a Click21, UOL e Portal R7.
No entanto, algumas coisas deram erradas no meio do caminho e o negócio fechou. De acordo com Edson, o fim em nada teve a ver com a explosão dos “concorrentes” YouTube e Vimeo. “O fim tem muito mais a ver com as decisões que tomamos”, afirma ele.
Tirando essas decisões, fatores externos, como o desconhecimento sobre a legislação específica que rege o seu negócio e despreparo quanto à burocracia pesaram e impactaram diretamente. Quando falamos de fatores internos, Edson destaca a formação do time como ponto estratégico.
“Independente do segmento que a empresa vai atuar, o empresário precisa enxergar as três funções principais e colocar gente capacitada: alguém que entenda de produto, alguém que entenda de negócio e alguém que entenda de desenvolvimento”, explica.
Para Edson, fechar as portas de um negócio não é o fim do mundo, nem o fim da carreira do empreendedor. Uma das características mais marcantes é justamente a persistência. Depois de falir um negócio, algumas importantes lições ficam:
- Você não comete mais erros de principiante
Depois da falência, o primeiro passo é conhecer as razões pelas quais o negócio chegou a esse ponto e não seguir de novo pelo mesmo caminho.
- Você ganha uma visão mais clara e técnica sobre negócios
O primeiro negócio costuma ser permeado por uma visão romântica sobre o que é empreender. Isso, infelizmente, também pode gerar uma falta de atenção quanto às complicações da operação de uma empresa. “Com pé no chão, empreenda porque você tem um propósito e não porque alguém te motivou, porque é legal ou está na moda”, alerta Edson.
- Você sabe do risco (e o encara com planejamento)
Por trás de todo empreendimento existe risco. Para muitos empreendedores de primeira viagem, porém, essa afirmação só fica mais clara após o negócio passar por dificuldades – seja por conta de fatores da própria empresa, ou seja por questões mais externas, como a situação econômica do país. “O Brasil não é para amadores. Prepare-se sempre pro pior dando o seu melhor”, orienta Edson.
- Você aprende a escolher melhor seus próximos parceiros
Escolher um bom parceiro de negócio é fundamental para que sua empresa tenha sucesso. Da mesma forma, um dos grandes fatores de fechamento das empresas é uma sociedade que não deu certo.
“Parcerias são essenciais, mas entenda o que você quer, o que o outro quer, e o quão errado – ou certo – isso pode dar. Revise cada etapa de suas parcerias e sempre faça um double check com todas as partes”, são as recomendações de Edson.
- Você percebe o quanto comunicação é importante
“Falar o óbvio, confirmar se você está sendo compreendido, e se todos os lados estão de acordo com o que estão fechando evita mal entendido, dúvidas e muitos problemas”, garante Edson.
Edson Mackeenzy é fundador e CEO da Mackwave Participações, uma consultoria de Inovação, desenvolvimento de negócios, relacionamento e investimento em Startups. Ativista na formação de um ecossistema global de empreendedorismo e foi eleito melhor mentor de negócios do Brasil em 2017 pela Associação Brasileira de Startups.