Representando 28% da população do país, as crianças com até 14 anos têm cada vez mais importância no consumo dos lares brasileiros. São cerca de 50 milhões de consumidores-mirins que influenciam direta e indiretamente o volume, a frequência e as marcas de compras das famílias, seja na escolha do iogurte para o lanche da escola, na viagem de férias ou do carro novo.
Um estudo do Instituto Nielsen apurou que 49% das casas com crianças representam 52% de toda a despesa brasileira. Um outro estudo, do Inter Sience, mostra que a influência das crianças na escolha da marca é de aproximadamente 18% e projeta para 53% esse comportamento no futuro.
Para quem viu e viveu a era do “criança não tem nada que querer”, parece difícil acreditar que os pequenos tenham tanta influência e tanta autonomia quando se trata de tomar decisões, comprar coisas e gastar dinheiro (que eles nem têm idade para ganhar ainda).
Novas estruturas familiares e tecnologia
Para Mirna Torres Figueiró*, Psicóloga Especialista em Psicoterapia Psicanalítica da Infância e Adolescência, parte dessa transformações na maneira de consumir serviços e produtos pelas crianças se deve às novas estruturas familiares. “À medida que as mulheres foram ocupando o mercado de trabalho, aquela figura do adulto que fica em casa para acompanhar as crianças o tempo todo e decide tudo por elas foi se perdendo.
Em um processo natural, elas foram se aproximando da televisão, do computador, do smartphone, se tornando mais autônomas”, explica Mirna.
A psicóloga também ressalta que a redução do tempo de permanência dos pais junto aos filhos pesa nesse comportamento. “Se um pai ou uma mãe é ausente, é natural querer compensar um pouco essa carência dos filhos compreendendo melhor os pedidos que eles fazem, ouvindo o que eles querem.
O que não é ruim, só é necessário ter equilíbrio, porque – com o acesso à tecnologia – as crianças estão mais espertas, mais questionadoras, o que reforça a necessidade de explicar regras e dar limites, dentro da família, na escola e na sociedade”, afirma.
Mais que influenciadoras, crianças são decisoras
Para compras de uma forma geral, as crianças influenciam na decisão dos pais. Mas, quando o assunto é comprar produtos para eles mesmos, o público infantojuvenil é mais do que apenas influenciador, os pequenos assumiram o papel de decisores.
De acordo com a organização do Kids Festival, o poder de influência dos consumidores-mirins no consumo das famílias obedece à seguinte ordem de importância:
1º brinquedos e jogos
2º alimentação e bebidas
3º vestuário
4º material escolar
5º eletrônicos
Diante desse cenário promissor, muitas empresas passaram a considerar esse novo comportamento na hora de montar suas estratégias.
Tendências e jogos educativos
É o caso da Pirlimpimpim, loja de brinquedos há 14 anos no mercado que possui três unidades em Campo Grande e duas em Presidente Prudente.
Psicopedagoga e uma das sócias da marca, Sirlei Pecci Canisares acredita que, apesar de criança ser criança em qualquer tempo ou realidade social, o comportamento delas pode mudar dependendo do estímulo. “Elas são cada vez mais influenciadas pela internet e redes sociais e a televisão continua, sim, tendo um papel importante. Isso faz com que os brinquedos e produtos desejados por eles sofram uma grande influência do que é divulgado, os personagens e heróis de filmes e animações que são lançados”, explica.
Outro nicho bastante explorado pela rede e que faz muito sucesso são os brinquedos educativos. “Jogos e atividades que são para a família toda, para os pais brincarem e passarem mais tempo fazendo algo junto com os filhos, aprendendo juntos”, conta.
Interatividade e fator surpresa
Outra marca que também está antenada ao novo – e conectado – comportamento dos pequenos é a Ri Happy. Considerada a maior rede de varejo do segmento no Brasil, a marca desenvolveu especialmente para a campanha de Dia das Crianças de 2019 um brinquedo chamado “Aquabitzz“.
A novidade explora a vida no fundo do mar, interage com slime (que virou uma verdadeira febre) e possui aplicativo, permitindo que toda a família realize uma caça aos Aquabitzz em realidade aumentada por meio do celular. A coleção também conta com itens raros e super raros (dourados e que brilham no escuro).
“Estamos sempre buscando inovar no Dia das Crianças, com lançamentos diferentes que mantenham a essência do brincar e estimulem o desenvolvimento infantil. O brinquedo permite o aprendizado sobre os seres marítimos e brincadeiras entre pais e filhos”, afirma o gerente de trade marketing da Ri Happy e líder no desenvolvimento do produto, André Paixão.
Informação do mercado sul-mato-grossense
Para quem quer saber um pouco mais sobre o hábito de consumo para o Dia das Crianças em Mato Grosso do Sul e ter insights para as vendas, a Fecomércio e o Sebrae divulgaram esta pesquisa completa. Boa leitura e boas vendas!
Fontes: Sistema Integrado de Projeções e Estimativas Populacionais e Indicadores Sociodemográficos do IBGE, IBOPE, Instituto Nielsen, Inter Sience, Euromonitor.
*CRP 14/05150-9