É compreensível que, para muitas pessoas, a descoberta do câncer pareça o fim da linha e esgote qualquer disposição para colocar em prática novos projetos de vida. Afinal, as incertezas que essa nova realidade traz podem ser devastadoras. Para Fabiana Benites, 37 anos, no entanto, o que ocorreu foi exatamente o contrário, ou seja, a doença trouxe a oportunidade para um recomeço que a levaria à máxima realização profissional.
A descoberta ocorreu há quatro anos, quando ela oferecia todos os tipos de serviços em seu salão de beleza no bairro Tiradentes, em Campo Grande, atendendo inclusive a noivas e debutantes. Naquela época, Fabiana, que atuava na área havia quatro anos, já se preocupava em oferecer um serviço com a maior qualidade possível. “Não é porque trabalho no bairro que vou deixar de buscar a excelência”, dizia. Exemplo disso é que não faltavam bolo caseiro e suco natural no salão, ambos preparados na hora.
Quando a doença foi diagnosticada, no entanto, ela entendeu que precisava de tempo para se cuidar e se dedicar à família. Para ter tempo de atender a grande clientela que conseguira formar, acabara se afastando da família e dos amigos. “Quando a gente enfrenta uma situação dessas, começa a ver a vida de outra forma e a dar valor às pequenas coisas. O sucesso profissional e o dinheiro não faziam mais o mesmo sentido, e aquele salão já não era mais a minha vida como antes”, recorda-se.
Devido ao tratamento que precisava fazer fora de Campo Grande e, também, para ficar mais tempo com a família, Fabiana fechou o estabelecimento. Mas, o desejo de reserva-se em casa não durou muito e ela entendeu que, uma vez empreendedora, sempre empreendedora. Foi então que, há pouco mais de dois anos, uma amiga ofereceu-lhe um novo espaço para que pudesse abrir um negócio diferente, que estava se tornando tendência no Brasil e que tomaria muito menos o seu tempo.
Surgiu assim a Esmalteria Fabiana Benites, instalada no mezanino de uma loja de roupas na rua Euclides da Cunha, um espaço elegante e aconchegante de pouco mais de 20 metros quadrados. Mantendo algumas das profissionais e, principalmente, o mesmo nível de recepção do antigo salão, ela conseguiu atrair a mesma clientela do bairro onde atendia, desfazendo a impressão inicial de que seu serviço seria inacessível às antigas clientes por estar localizado em uma rua nobre da capital.
“Algumas pessoas ainda associam a localização na rua Euclides da Cunha a serviços caros. Mas mantive os mesmos valores do bairro para que as mesmas clientes pudessem frequentar o local”, reforça Fabiana. “A única diferença é que, naquela época, elas terminavam os afazeres de casa, tomavam banho e já iam ao salão. Agora, costumam se arrumar mais e aproveitam para passear também”, conta, exemplificando o quanto um pequeno negócio pode servir de ponte entre as várias regiões da cidade e dinamizar a economia local.
Texto: Fernanda Oliveira para a campanha do Movimento Compre do Pequeno – Sebrae.
Texto original publicado no Campo Grande News.