Empreendedorismo

Criatividade: procrastinação pode ser uma virtude

Procrastinação: Pesquisador norte-americano afirma que pessoas com ideias e ações originais costumam ser rápidas para começar novos projetos e tarefas, mas são lentas para terminar e, nesse processo, surgem as ideias diferenciadas.


Procrastinação e Criatividade


“Como vencer o vício de procrastinar – 10 simples truques”, “O que é Procrastinação? 4 Dicas para acabar com ela”, “Formas simples para parar de procrastinar”. A julgar pelos resultados de qualquer busca no Google, o ato de procrastinar – que pode ser descrito como a ‘arte’ de deixar para amanhã o que você tem de fazer hoje – não é uma prática bem vista por quem trata de produtividade.

Quem tem por hábito adiar os afazeres costuma sofrer mais de dores de cabeça, de estômago e ficar doente com mais frequência. A terrível sensação de culpa – a procrastinação tende a prevalecer no dever, não no que gostamos ou sentimos prazer em fazer – pode ocasionar aumento no nível de estresse, baixar as defesas do sistema imunológico e abrir espaço para doenças infecciosas como resfriado ou gripe.

Por essas e outras, a procrastinação deve ser evitada a todo custo, certo? Após anos estudando o assunto e acompanhando centenas de estudantes aspirantes a empreendedores, o professor de Psicologia e Administração Adam Grant, da Universidade de Pensilvânia, nos Estados Unidos, chegou a uma conclusão surpreendente: procrastinar é um vício quando se trata de produtividade, mas pode ser uma virtude para a criatividade.

A tese é defendida em Originals: How Non-conformists Move the World (Originais: Como os Não-conformistas Movem o Mundo, em tradução livre), best-seller número 1 do jornal The New York Times em 2016. Na obra, ele afirma ter observado que pessoas com ideias e ações originais costumam ser rápidas para começar novos projetos e tarefas, mas são lentas para terminar. É nesse processo mais longo, conforme ele, que surgem as ideias realmente diferenciadas.

Fluxo produtivo x maturação das ideias

O ilustrador Alexandre Leoni convive diariamente com a necessidade de ter ideias criativas, já que a arte é a matéria-prima do seu trabalho. Ele se considera um procrastinador por natureza, com bastante dificuldade para entrar num estado de fluxo produtivo. “Por isso, não costumo esperar muito para começar o que tenho de fazer. Preciso começar logo e adiantar o máximo possível, se não as coisas fogem do meu controle. Eventualmente faço uma pausa para olhar depois, no máximo no dia seguinte, mas não dias ou semanas depois”, relata.

“Acredito que procrastinar é importante para a gestação das ideias. Dentro de certo limite aceitável, essa prática serve como uma incubadora de ideias, nutrindo-as e fazendo com que elas ganhem vida e se tornem algo palpável”, sugere a jornalista freelancer Laryssa de Oliveira Caetano, que trabalha principalmente executando projetos em home office. “A chave é reconhecer o momento certo entre escapar da obrigação e deixar a ideia maturar, o que é uma linha muito tênue”, complementa.

Procrastinação Saudável: Equilíbrio no processo

Embora reconheça que não há um único padrão, Adam deixa claro que a ‘procrastinação saudável’ não é uma questão de deixar para a última hora, nem se trata de sair fazendo para entregar logo uma tarefa. “É realmente visível que as pessoas que esperam até o último minuto estão tão ocupadas ‘vagabundeando’ que não têm novas ideias. Por outro lado, as pessoas que correm para terminar estão em tal frenesi de ansiedade que também não têm pensamentos originais”, avalia.

“Os resultados das pesquisas mostram que há uma região intermediária onde vivem as pessoas criativas e originais”, prossegue o pesquisador. Nesse contexto de relativo equilíbrio, ele acredita que a procrastinação dá-lhes tempo para considerar ideias divergentes, pensar de forma não-linear e dar saltos inesperados. Ou seja, a procrastinação incentivava o pensamento divergente. “O que você chama de procrastinar, eu chamo de pensar”, disse o roteirista norte-americano Aaron Sorkin, exemplo citado por Adam.

Ideias de negócios

Quando se trata de novas ideias de negócios, o professor é ainda mais incisivo ao afirmar que nem sempre é vantajoso fazer o primeiro movimento, sair na frente dos concorrentes. “Veja o exemplo do Facebook, esperando para construir uma rede social depois de Myspace e Friendster. Veja o Google, esperando por anos após Altavista e Yahoo. É sempre mais fácil melhorar a ideia de outra pessoa do que criar algo novo a partir do zero”, defende.

Na opinião do especialista, portanto, embora possa favorecer a produtividade, a pressa não é mesmo amiga das grandes ideias e, principalmente, das ideias implementadas. O importante, para ele, é tentar quantas vezes forem necessárias, sem queimar etapas. “Se você olhar ao longo do tempo, as pessoas originais são as que mais falharam, porque também são as que mais tentaram. Portanto, tome o tempo que tomar, não deixe de tentar”, completa.

Para saber mais sobre criatividade, procure o procure o Sebrae.

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