Insistir no propósito inicial do negócio ou fazer mudanças para adaptar-se à demanda do mercado? Muitos empreendedores enfrentam essa dúvida, que vem acompanhada do medo de reinvestir para mudar o negócio e não dar certo; e também do sentimento de apego pelo sonho pelo qual o negócio foi aberto.
Conversando com alguns empreendedores de Campo Grande, chegamos à conclusão que transformar seu negócio em multifuncional pode ser uma opção interessante. A aposta dos empreendedores na diversificação dos produtos atrai mais clientes e gera maior faturamento.
Quando abriu o Canto Gastronômico há dois anos, Armando Costa e a sócia Márcia Sandim tinham a proposta de servir almoço no sistema self-service e pratos à la carte à noite. No entanto, o movimento forte só acontecia aos finais de semana.
Depois de cerca de um ano insistindo, Armando pensou em um novo formato. Observando o comportamento dos clientes (que frequentam o Corredor Gastronômico da Rua Bom Pastor – onde o Canto está localizado – à noite) e ouvindo os feedbacks, passou a oferecer rodízio de mini-lanches, mini-salgados, pizzas, risotos, caldos, e outros. São mais de 40 pratos, que incluem também sobremesa, com preço único.
“Tive que fazer investimentos em alguns equipamentos novos, contratar mais gente, ir atrás de novos fornecedores, reorganizar a logística. Tive que me adaptar. Mas o resultado foi muito positivo. Desde que implantamos o novo sistema, o faturamento mais que duplicou”, afirma.
Atualmente, o Canto Gastronômico possui 16 funcionários e atende a uma média de 150 pessoas por dia.
Da comida japonesa a um continente de opções
O restaurante Wasabi iniciou suas atividades servindo apenas comida japonesa. Antonio César Kenje, proprietário, resolveu mudar não só o seu negócio como abrir uma nova tendência: agora serve pizza, carne, sobá, além dos tradicionais pratos japoneses, tudo num mesmo rodízio.
“Vivi 10 anos no Japão e lá conheci um restaurante chamado Yakiniku, onde se paga um determinado valor e serve-se à vontade. Você mesmo prepara carnes bovinas em sua mesa, além de uma infinidade de opções em frutos do mar, sushis, caldos, sobás, bolos, etc. Esse local faz muito sucesso entre os japoneses e brasileiros que vivem lá. Essa variedade quebra todos os paradigmas da culinária comercial japonesa. O Wasabi vem com essa proposta de se comer bem por um preço justo, buscando atender a uma variedade considerável de paladares e costumes”, explica Kenje.
Apesar do negócio estar bem consolidado há nove anos, o empresário diversificou seu empreendimento há três anos também para se adaptar à crise econômica.
“A princípio inserimos o churrasco, na tentativa de atrair os familiares dos amantes do sushi. Mais tarde, com a percepção de clientes que vinham com toda a família, sentimos que havia a necessidade de atender às crianças. Começamos então a servir pizzas. Foi um sucesso total”, acrescenta.
Mudar o negócio dessa forma também significa investir mais em treinamento e capacitação dos colaboradores, para que eles se adaptem à nova realidade da empresa e aos novos clientes.
“Colaboradores certos nos lugares certos e investimento maciço em treinamentos. Temos bancadas exclusivas para cada tipo de alimento, para que não haja contaminação cruzada e o armazenamento segue o mesmo princípio. O sushi, antes bastante desperdiçado, tem atendimento self-service, o que faz com que o cliente escolha e consuma o que realmente vai comer, o que diminui a quantidade de funcionários no salão, dando lugar a mais colaboradores na cozinha”, finaliza.
A tendência da diversificação costuma ser bem aceita no mercado, mas antes de pensar em uma mudança nos seus negócios, além de um bom planejamento, o grande conselho é ouvir seus clientes.
Com uma pesquisa ou até mesmo uma conversa informal você conseguirá informações valiosas, como o que ele sente falta em seu negócio e na região e o que estaria disposto a comprar além dos produtos que já consome.