Empreendedorismo

25 novembro, 2016 • Empreendedorismo, Marketing e Vendas

Já ouviu falar de Slow Food?

O mercado para a experiência Slow Food está em expansão porque as pessoas estão reaprendendo a comer de forma saudável e dispostas a pagar um pouco mais para apreciar e conhecer a história do alimento.

Antes de ser um modelo de negócio, o Slow Food é uma filosofia, um movimento apartidário, mas político, porque comer é um ato político.


As estudantes Júlia Beatriz de Freitas e Ágatha Rodrigues estão no último ano do curso de Jornalismo em Campo Grande. Ao receber a tarefa de produzir uma reportagem de campo para a disciplina de Jornalismo Rural, decidiram falar sobre um tema que haviam ouvido falar vagamente: Slow Food (“comida lenta”, em tradução livre).

Pesquisando, conheceram o Sítio Harmonia, no distrito de Rochedinho, a 22 quilômetros ao norte de Campo Grande, um estabelecimento preparado para oferecer um diferenciado café da manhã, todos os domingos, a até 30 visitantes simultaneamente: pães caseiros, chipaguaçu, geleia, doce de leite, três tipos diferentes de queijo de cabra e até arroz carreteiro com ovo frito, o Quebra Torto, a famosa comida dos peões das comitivas pantaneiras, tudo por R$ 35.

“Depois da refeição, os visitantes são convidados a explorar o local e a conhecer a maior atração, que é a criação de cabras e galinhas. A ideia é proporcionar aos visitantes o conhecimento prático da origem do alimento recém degustado, como o queijo de leite de cabra, por exemplo”, descreve Júlia. “As crianças se amontoam fascinadas em torno de filhotes de cabras, divertindo-se. As cabras adultas e filhotes, fêmeas e machos, nem se importam com o aglomerado de famílias curiosas que chegam para conhecê-los e retribuem o gesto com carinho”, acrescenta Ágatha.

O Sítio Harmonia é um empreendimento criado há cerca de cinco anos pelo gestor financeiro e gastrônomo Anderson Medeiros, e por seu sócio, o administrador Carlos Caetano. Na época, os dois sentiram a necessidade de abandonar os empregos agitados na cidade e de buscar mais qualidade de vida. Cerca de um ano depois de comprarem a propriedade para investir em negócios sustentáveis – como a criação de cabras sem hormônio e o café da manhã típico regional –, eles conheceram o movimento Slow Food.

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Slow Food: “Bom, Limpo e Justo”

“Antes de ser um modelo de negócio, o Slow Food é uma filosofia, um movimento apartidário, mas político, porque comer é um ato político. E como tal, busca o desenvolvimento e a difusão de uma gastronomia sustentável, consciente, ética e justa”, afirma Anderson, presidente do Slow Food Convivium Campo Grande, braço local do movimento. A articulação das relações com os produtores, campanhas para proteger alimentos tradicionais, o incentivo aos chefs para usarem alimentos regionais e a organização de degustações e palestras estão entre as atividades do grupo.

Fundado pelo jornalista italiano Carlo Petrini em 1986, na pequena cidade de Bra, no norte da Itália, o Slow Food tornou-se uma associação internacional sem fins lucrativos em 1989 e, atualmente, conta com mais de 100 mil membros em cerca de 150 países. Com o princípio do alimento bom, limpo e justo, o movimento sustenta-se no conceito de que as pessoas podem conhecer a origem dos mantimentos que consomem, apreciando-os como uma experiência.

“Qualquer estabelecimento comercial pode adotar a filosofia do Slow Food. Para isso, precisa comprar os alimentos diretamente do produtor local, eliminando os atravessadores, e permitindo que seus clientes saibam onde e como eles são produzidos”, salienta Anderson, reforçando que a missão primordial da organização é contribuir para a valorização do pequeno produtor local.

No lema do movimento, o bom diz respeito à qualidade dos alimentos oferecidos, o limpo trata-se de um produto livre de agrotóxicos, nocivos ao meio ambiente e à saúde das pessoas, e o justo refere-se aos preços justos pagos em todas as etapas da cadeia do alimento. “Quando tiramos o atravessador, temos uma ponte direta entre o estabelecimento e o produtor, que pode trabalhar sem ser explorado”, acrescenta Anderson.

 

Produção local

A analista técnica do Sebrae Andrea Barrera de Almeida conduz diversas iniciativas da instituição relacionadas à food experience (experiência alimentar) que, assim como o movimento Slow Food, procuram valorizar todo o ciclo do alimento. “Levamos em conta desde a relação com o pequeno produtor, passando pelo cozinheiro e chegando à mesa do consumidor, sempre com foco na produção local, saudável e sustentável”, diz.

De acordo com a analista, apesar da retração da economia nos últimos anos, o mercado para iniciativas que oferecem uma experiência gastronômica diferenciada está em plena expansão no Mato Grosso do Sul. “Muitas empresas estão aderindo à estratégia da apreciação do alimento como diferencial competitivo, porque as pessoas estão reaprendendo a comer de forma saudável, na contramão da cultura fast food. Estão dispostas a pagar um pouco mais quando podem apreciar e conhecer a história por trás do alimento”, afirma.

Andrea lembra que o Sebrae desenvolve diversas iniciativas que visam aproximar os pequenos produtores locais dos estabelecimentos (bares e restaurantes), e oferece inúmeras oficinas, capacitações e consultorias para aumentar a competitividade dos estabelecidos que desejam atuar com o conceito da food experience. Uma delas é o Restaurante da Eugênia, estabelecimento modelo montado em eventos que proporciona visitas guiadas e oficinas aos interessados nesse ramo.

Quem deseja abrir um negócio com o conceito Slow Food deve começar por uma ampla pesquisa de mercado, seguida de um detalhado planejamento. Para isso, a analista recomenda que o empresário conheça a ferramenta Canvas e o ciclo de capacitações Nascer Bem, ambos oferecidos pelo Sebrae. “Para atuar dentro do Slow Food também é fundamental conhecer muito bem os fornecedores e respeitar a sazonalidade dos produtos ao longo do ano”, complementa Anderson.

Para saber mais, procure o Sebrae.

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