Empreendedores de Campo Grande estão encontrando nas dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19 uma oportunidade de se reinventarem e continuarem atuando. Unindo seus conhecimentos e paixões, diversificaram seus produtos com a confecção de máscaras, ajudando quem quer se proteger e garantindo renda em meio à crise.
Nessa matéria, vamos mostrar a realidade de três empreendedoras da capital que estão enfrentando os desafios da pandemia com essa nova alternativa.
Paixão em forma de arte e solidariedade
A professora de costura criativa Claudia Santini precisou de reinventar durante a quarentena, já que a maioria das suas aulas eram presenciais. Felizmente, ela estava inserida no mercado on-line desde 2018 e decidiu impulsionar e se dedicar novamente às plataformas digitais para ensinar e aprender.
Por ter trabalhado durante 24 anos como farmacêutica bioquímica, costurar máscaras de proteção já fazia parte da sua rotina.
“Quando a pandemia chegou ao Brasil, convidei algumas alunas para fazermos máscaras para doação, cada uma na sua casa, e elas toparam na hora. Fizemos mais de 300 máscaras que foram doadas para o HRMS, HU e Santa Casa. Com o intuito de ajudar mais pessoas, coloquei o passo a passo de como costurar uma máscara no meu Instagram, depois disso começaram a surgir as encomendas”, explica Claudia.
Segundo ela, as pessoas estão cada dia mais aderindo suas aulas on-line para aprenderem a costura criativa como hobbie e também como forma de renda. Inclusive, algumas das suas alunas da Costurinha da Claudia têm faturado bastante com a venda de máscaras, como é o caso da Taís Miglioranza.
Um hobbie que se tornou profissão
Taís é administradora, pós-graduada em Gestão de Pessoas, mas há nove anos começou sua história no artesanato, a princípio como hobbie, mas descobriu a sua verdadeira paixão. “Há três anos vivo exclusivamente do trabalho no ateliê, onde me sinto realmente realizada profissionalmente”, comenta.
Ela não pensava em fazer máscaras, por não fazer parte do nicho em que ela trabalha, mas com a grande procura pelo produto entre amigos e clientes, ela resolveu abrir portas para essa oportunidade e que agora está sendo fundamental para suas finanças.
“Hoje as vendas do Taís Miglioranza Ateliê têm sido 90% de máscaras, mantendo a agenda diariamente ocupada. Eu trabalho mais com produtos infantis, na grande maioria para presentear, e com a incerteza da economia, as vendas deram uma estagnada a ponto de sair um produto por semana apenas”, explica Taís.
Segundo ela, com as vendas das máscaras, tem conseguido manter o ateliê normalmente, mesmo vendendo o produto de boa durabilidade com um preço acessível.
Personalização de produtos é arte
Após o nascimento de sua segunda filha, a professora de letras e graduanda de artes visuais Lílian Lunardi passou a se dedicar ao artesanato, inicialmente com peças em MDF, que ela fazia para presentear os amigos. Com o tempo, começou a participar de feiras e a receber encomendas.
Atualmente ela trabalha com MDF, EVA, feltro e tecido, e a ideia de confeccionar máscaras surgiu como algo natural, pela familiaridade com a costura. Procurou por vídeos na internet para aprender a fazer e, como já tinha um pouco de material na sua casa, fez algumas máscaras para uma amiga, tirou foto e postou nas redes sociais.
Assim foram surgindo os pedidos. Como todos os outros produtos que ela faz, as máscaras são feitas de forma personalizada: o cliente escolhe o tecido entre os que ela tem disponível para só depois ela confeccionar.
“Tem mais ou menos uns 25 dias que estou produzindo máscaras, mas a aceitação está sendo ótima. Agora que eu estou começando a visualizar lucro, até semana passada eu só estava repondo aquilo que eu tinha gasto com matéria prima, porque tinha pouco material para produzir”, explica.
Além disso, Lilian conseguiu mais tecidos, que vai usar para fazer máscaras para doar no Bairro Jardim Noroeste, em Campo Grande, onde moram muitas pessoas carentes. “Acho muito importante também unir a caridade neste momento”, finaliza.
Os desafios de quem empreende sozinha
Zilene Mazzucco sempre trabalhou na Mazzucco Confecções e se sentiu perdida quando a cidade parou de uma hora para outra com os decretos da prefeitura. Ainda assim, pesquisou como fazer máscaras para confeccionar e doar para quem estava precisando.
Mas as contas começaram a chegar e ela não achou outra alternativa senão começar a vender as máscaras por um valor simbólico, apenas R$ 3,00 a unidade. Estratégia que deu certo, mesmo em meio a dor e insegurança do momento. O seu produto teve boa aceitação por conta do valor baixo e o que a ajudou foi a divulgação das confecções nas redes sociais, além do boca a boca.
“Eu nunca tinha feito máscaras, mas eu montei de acordo com que eu ia vendo na internet e fui aperfeiçoando. Comecei a vender logo quando as dívidas iam batendo a minha porta. Não que eu vá faturar como antes e pagar tudo, mas é o que tem me ajudado ao longo do mês”, explica Zilene.