A sustentabilidade oferece oportunidades de negócios altamente lucrativos em todas as áreas, para todos os portes de empresas. Para aproveitá-las, basta ter um pouco de criatividade e coragem.
“O aumento do nível dos oceanos já destrói paraísos isolados, avança pelos degraus de cidades históricas e deixa evidente que, quando a proximidade com a água se torna uma ameaça, as chances favorecem quem tem tecnologia e dinheiro”. Esta é a abertura de uma das reportagens da série Terra: Que tempo é esse?, da jornalista Sônia Bridi, produzida em 2010 para o programa Fantástico, da Rede Globo, quando ela visitou 14 países para mostrar os efeitos práticos das mudanças climáticas no planeta.
A reportagem retratava o impacto do aquecimento global em dois locais muito distintos: Veneza, símbolo do mercantilismo europeu nos séculos XIII a XVI, e Vanuatu, pequena ilha na região da Melanésia, no meio do oceano pacífico. Fica evidente a disparidade na forma como cada localidade se defende do aumento do nível do mar: Veneza com um projeto de 11 bilhões de euros (Modulo Sperimentale Elettromeccanico) e os moradores de Vanuatu carregando pedras nas costas para proteger suas casas.
Uma das maiores referências do jornalismo brasileiro em meio ambiente e sustentabilidade, Sônia apresentou o trabalho em palestra proferida durante a Rota do Desenvolvimento MS. Mostrou aos empreendedores alguns dos reais impactos da atividade econômica sobre o planeta e, em seguida, a diversidade de oportunidades de negócios altamente lucrativos, que podem contribuir para diminuir o impacto da vida humana sobre a natureza.
China, vilã e vanguarda da sustentabilidade
A jornalista observou que a China acelerou o processo de aquecimento global, mas, por outro lado, é atualmente o país que mais investe no desenvolvimento de tecnologias para energias renováveis (superando Estados Unidos e Europa juntos). “As altas instâncias de poder chinesas são formadas por pessoas muito pragmáticas, na maioria engenheiros. Eles perceberam que a energia limpa é um grande negócio e estão ganhando muito dinheiro com ela”, salientou.
Ela mencionou que a entrada do gigante asiático no mercado de painéis solares faz com que o preço dos equipamentos caia pela metade a cada cinco anos. Ao torná-los mais acessíveis a uma população cada vez maior, a China contribuiu para o crescimento de um negócio extremamente lucrativo, tanto para vendedores quanto compradores, além de muito benéfico para o meio ambiente, por substituir a energia de fontes não renováveis.
Madeira e energia
Até mesmo a tecnologia mais limpa provoca impacto sobre o meio ambiente, mas cabe ao ser humano escolher aquelas que causam o menor impacto possível. Esta é a tese defendida por Sônia ao descrever alguns dos imensos potenciais de lucro sustentável para empreendedores, e também para gestores públicos, com disposição para investir em práticas sustentáveis.
Uma delas está no setor florestal. A jornalista lembrou que o novo Código Florestal brasileiro, editado em 2012, prevê a recuperação de mais de 20 milhões de hectares de vegetação nativa desmatados em propriedades rurais. Isso representa um imenso potencial para empresas de reflorestamento e geração de energia a partir da biomassa.
“Se 10 milhões desses hectares forem reflorestados com espécies comerciais (eucalipto e pinus), teremos energia suficiente para não depender mais de petróleo, carvão e gás”, comentou. Conforme ela, a geração de energia a partir da biomassa, como a madeira de reflorestamento, poderia fazer da energia um negócio não só de grandes grupos econômicos, mas de qualquer pequeno empreendedor, que venderia a madeira a pequenas e médias usinas instaladas nos municípios.
Soluções simples e lucrativas
De acordo com a jornalista, o Brasil precisa de uma Itaipu e meia em capacidade instalada de geração de energia só para proporcionar água quente nos chuveiros dos brasileiros. “Com um sistema simples de aquecimento solar de água, que pode ser feito com mangueira preta, é possível resolver esse problema. Quem desenvolver um sistema barato, e torná-lo popular, ficará milionário da noite para o dia. Afinal, quem não quer tirar o chuveiro da conta de luz?”, enfatizou.
Sônia também acredita que as empresas que investirem em alternativas práticas para as sacolas plásticas e garrafas pets poderão ganhar muito dinheiro, além de oferecer uma contribuição essencial ao meio ambiente. Esses dois produtos representam um gigantesco problema ambiental, poluindo lagos, rios e até os oceanos, tornando as enchentes urbanas muito piores.
Para ela, existe uma excelente oportunidade de negócio para empresas que desenvolverem e comercializarem sistemas de captação de água da chuva para usos que não exigem água tratada (como lavagem de ambientes e veículos e descargas de banheiros, por exemplo). “A sustentabilidade proporciona oportunidades em todas as direções, para todos os portes de empresas. Basta ter um pouco de criatividade e coragem para aproveitá-las”, concluiu a jornalista.
Para saber mais sobre oportunidades e práticas sustentáveis, procure o Sebrae.