Inovação e Tecnologia

Inovação: quando a solução é o método

Uma dica para repassar ao empresário cansado de bater cabeça diante dos desafios. A solução pode estar na outra ponta da cadeia produtiva. Isso mesmo, no cliente – ou, mais precisamente, na maneira como ele pensa. Esta é a bandeira do design thinking, ou design estratégico, modelo de trabalho baseado na observação, na intuição e na inovação no desenvolvimento de ideias inovadoras.

Não se confunda com o termo design. “Não estamos falando de desenho, mas de processo”, diz a professora do Centro de Inovação e Criatividade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Martha Terenzzo.

O objetivo é inverter a perspectiva tradicional na busca por soluções. Em vez de partir do produto ou serviço que a empresa é capaz de oferecer, a prioridade é identificar o que o consumidor deseja, para então desenvolver o produto.

Criada nos EUA há três décadas, a metodologia começa a ser explorada no Brasil. O que diferencia esta maneira de trabalho de uma metodologia tradicional? “Técnicas convencionais, como pesquisa de mercado e plano de marketing, pretendem provar uma teoria”, diz Maurício Vianna, sócio diretor da JMV Tecnologia e Inovação, empresa que oferece serviços de design thinking. “Já esse processo quer consultar todo o tipo de consumidor para descobrir possibilidades impensadas de um novo produto.”

Ouvir o consumidor – incluindo aquele que não é público-alvo da empresa – está no centro do método. É preciso também observar o comportamento do futuro cliente para descobrir tendências. “O essencial no design thinking é uma visão operacional da situação, explorando-a por vários ângulos”, diz Martha.

A Icatu Seguradora adotou a metodologia para desenvolver um serviço ainda inédito no Brasil: o microsseguro. O serviço, voltado para a classe C, está em fase de regulamentação.

A preocupação era: como lançar um produto que as pessoas ainda não conhecem, para uma nova classe e para a qual o marketing tradicional poderia não funcionar? “O design thinking está sendo fundamental para esse caso”, diz Humberto Sardenberg de Freitas, gerente de marketing da Icatu. “Por meio dele, conhecemos as necessidades do cliente e criamos soluções reais.”

O processo envolve etapas estratégicas: observar, criar e testar. Uma equipe fez uma imersão no universo do público-alvo para, por meio de um brainstorm coletivo, desenvolver possibilidades. As melhores foram materializadas e levadas ao consumidor. “Só assim conseguimos identificar, por exemplo, o melhor momento para o cliente receber seu investimento, no caso de seguro de capitalização.”

No processo, algumas ideias acabam ficando para trás. E a possibilidade de criar um produto de sucesso, mais próxima.

Fonte: Estadão.com
Foto: Equipe MJV – Crédito: Daniel Teixeira

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