O ato de tomada de decisão pode ser para muitas pessoas, um ato de sofrimento.
Algumas pessoas possuem dificuldades nas decisões mais simples, como escolher um prato num restaurante ou um programa social. Quando trazemos esta dificuldade de poder de decisão para o universo empresarial, ele se torna muito mais grave, pois pode-se perder uma grande negociação apenas pelo titubear de decisão numa reunião. E tão grave quanto a indecisão é a procrastinação, que tem levado muitas pessoas a erros difíceis de reparação.
Um exemplo disto é aquele empresário que precisa tomar uma decisão de investimento em inovação de produtos, ou numa negociação com fornecedores e acaba perdendo uma excelente oportunidade de ganho ou lucro porque no momento de tomada de decisão ele opta pela indecisão. E o mercado não perdoa quem não toma as decisões nas horas certas.
São inúmeras as implicações de uma tomada de decisão, e a maior parte das conseqüências está normalmente fora do nosso alcance visual. Por isso é preciso ser cuidadoso, considerar não só o negócio mas as pessoas, a sociedade e o planeta. Principalmente, é preciso agir em coletividade; a complexidade dos inúmeros contextos criados pelo cotidiano de um negócio requer competências multidisciplinares para ser propriamente equacionada.
Visto no geral, um processo decisório pressupõe opções, escolhas nem sempre muito fáceis de fazer. Há perdas e há ganhos, há o curto e o médio prazos, há conflitos de valores, e isso tudo é extremamente mobilizador. Por isso é importante tentar, de alguma forma, sistematizar um contexto, criar um cenário pelo menos próximo da realidade onde as possibilidades da decisão possam ser examinadas sob todos os ângulos.
É mais fácil fugir da decisão do que enfrentá-la, e muitas vezes fazemos isso por métodos subliminares. Evitamos a decisão apoiando-nos em ideologias e referenciais rígidos não passíveis de questionamento ou por meio de processos que nos auto-iludem, como a alienação, o perfeccionismo, a idealização excessiva, a auto-depreciação, a preocupação em manter uma pretensa imagem de si ou o assim chamado “complexo de anjo”, pelo qual nos julgamos sempre os melhores. Esses processos podem ser considerados como sendo “bloqueadores das decisões”.
Muitas pessoas apresentam grande dificuldade para tomar decisões. Outras não conseguem fazê-lo de modo algum. Uma vez consumada, a decisão é uma estrada sem volta. As conseqüências virão, cedo ou tarde, positivas ou negativas. Por isso a decisão exige um compromisso efetivo com a escolha feita e suas conseqüências. Isso nem sempre é fácil, por três motivos:
– Não existe decisão perfeita, porque não podemos analisar todas as alternativas e todas as conseqüências;
– Ao optar por uma alternativa, temos de renunciar às outras, e isso gera sempre um sentimento de perda, mesmo quando a decisão é eficaz;
– Toda decisão é um ato absolutamente individual e intransferível. Não se pode decidir pelos outros nem culpar os outros pelas nossas más ações.
A capacidade de tomar decisões firmes, claras e no tempo certo é uma importante característica de liderança. O tipo de decisão, porém, varia conforme as circunstâncias. Por isso, é preciso sempre fazer uma análise da situação e de possíveis implicações, com o máximo de elementos possíveis, para que, ao menos, possamos tomar uma decisão com embasamento de conhecimento. Cada decisão implica um efeito, para o bem ou para o mal. Tente reduzir os riscos futuros: liste os efeitos possíveis de cada ação, avaliando as probabilidades de sua ocorrência e o dano que possa causar. Avalie também as conseqüências no tempo – imediatamente, em curto e longo prazos. Na medida do possível, privilegie os resultados a longo prazo ao invés de valorizar apenas os efeitos mais imediatos.
Observe os fatores externos que podem influir em sua decisão e tente medir a probabilidade (e as razões) de um eventual fracasso. Ao esquematizar esses itens você estará se antecipando aos futuros problemas. Essa medida reduzirá os elementos causadores do insucesso, aumentando as chances de êxito.
Acredite, tomar decisões é um comportamento que pode ser aprendido com o tempo, como qualquer outro comportamento ou atitude. Então, comece a praticar.
Maria Cristina Alves – Consultora – SEBRAE-SP