Não é novidade que criança “perde” roupas e sapatos muito rápido. Como nem sempre se tem uma outra criança por perto para passar para frente, muitas mães acabam colocando as peças de seus filhos à venda na internet com preço de desapego. Uma prática simples e corriqueira que agrega economia ao consumo consciente e pode se tornar uma excelente oportunidade de negócio.
Foi assim com a advogada Pauline Avesani, de Campo Grande (MS). Mãe do Enzo (10 anos), do Theo (3 anos) e da Chloe (1 ano), Pauline criou um perfil no Instagram para vender roupas, calçados, brinquedos e acessórios dos filhos, que, apesar do excelente estado, já não serviam mais.
A iniciativa fez sucesso, não só com as clientes, mas com as amigas que também eram mães e pediam para ela vender as peças de seus filhos.
“Sempre gostei do conceito da sustentabilidade, tanto que me especializei na área ambiental. Uni essa preocupação à realidade que eu vivia: três filhos e um emprego que me ocupava o dia todo. Precisava ter mais tempo e disposição para acompanhar o crescimento dos meus filhos”, conta Pauline.
Com a ajuda do marido, de uma amiga que teve um brechó durante muitos anos no Rio de Janeiro e de orientações do Sebrae MS, Pauline amadureceu seu negócio: fez estudo de mercado e o projeto de viabilidade econômica. Em janeiro deste ano, nascia o Mamães Quati – Outlet e Brechó Infantil.
Com investimento inicial de R$ 13 mil e apenas 15 cabides, abriu um espaço dentro de um salão de beleza. Em cinco meses, esse espaço não foi mais suficiente para atender a demanda e o negócio teve que procurar uma casa nova. Hoje, com cerca de mil peças e 70 mães consignantes, Pauline vende para toda Campo Grande e também para o interior.
“Eu já tive experiências ruins comprando pela internet, por isso quis abrir a loja física. Vendo muito pelo Instagram, claro. Sempre que posto algo não demora muito e já tem alguém reservando. Mas acho importante ter um lugar de referência onde as mães sabem que tem qualidade, todos os itens estão em perfeito estado”, explica.
Além da qualidade dos produtos, Pauline ressalta um outro ponto importante e que faz a diferença para o seu negócio: relacionamento.
“Fiz uma parceria com um grupo chamado Rede Materna, onde trocamos muitas informações, experiências, nos ajudamos umas às outras. Aqui o atendimento é feito de mãe para mãe e cada venda tem um propósito, tem uma necessidade de uma mãe e de um filho a ser atendida”, ressalta.
Amor à causa
Formada em Engenharia de Alimentos e trabalhando há muito tempo na indústria, Vanessa Lay sempre foi apaixonada pelo mundo dos brechós. Ao unir a sustentabilidade, que sempre buscou no trabalho, e a moda, assunto que também a atraía, abriu o Mandala Brechó & Afins, há cerca de um ano.
“Quando abri, queria fazer algo diferente. Comprei um primeiro lote de peças e implantei um sistema de trocas: as clientes levam as peças que já não querem mais, faço uma avaliação delas e estipulo um valor. Esse valor as clientes podem gastar na loja. Dessa maneira, tenho sempre peças diferentes, praticamente todos os dias tem novidade, as clientes saem satisfeitas porque trocaram as peças que não usam mais, e sempre acabam levando mais coisas, o que me dá o retorno financeiro”, explica Vanessa.
A avaliação das peças é feita de acordo com o estado do tecido, das costuras e se ela é vendável ou não. O valor de venda é estipulado de acordo com as características da peça: tecido, marca, tendências, entre outros. As peças variam entre R$ 1,00 e R$ 50,00.
Para se comunicar com seu público, Vanessa também lança mão das redes sociais, como o perfil do Instagram e a Página no Facebook, mas participa também das feiras organizadas com o Coletivo Nós Amamos Brechó MS.
“É um excelente negócio, mas é também muito amor pela causa, muita paixão por moda e por trabalhar com pessoas. Eu sempre acreditei que cada peça de roupa tem uma história e que se ela não serve mais para você, ela pode servir para outra pessoa”, declara.