Casos de Sucesso

Mercado de brindes corporativos se abre para artesãos de MS

Na data em que o país comemora o Dia do Artesão, 19 de março, a boa notícia para os profissionais de Mato Grosso do Sul é que mais uma opção para o artesanato se abre no mercado. Segundo pesquisa divulgada esta semana pelo Sebrae/MS, entidades, organismos públicos e empresas privadas do estado têm interesse em comprar peças artesanais para oferecer como brinde aos seus clientes e funcionários.

“É uma nova possibilidade que se apresenta para a atividade artesanal, que tem buscado variadas frentes de trabalho para se manter competitiva frente ao dinamismo do mundo atual”, afirma Marcílio Moreira, técnico do Sebrae/MS que coordenou o estudo.

Segundo o técnico, para chegar ao resultado o ponto de partida dos pesquisadores foi estabelecer a diferença entre brinde e presente, adotando o mesmo critério da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Promocionais, que categoriza pelo patamar de preço: abaixo de R$100 é brinde, acima é presente.

A pesquisa foi então realizada com 52 grandes empresas, que atuam em Campo Grande e nas cidades do interior de MS e que costumam adquirir qualquer tipo de brinde, durante o ano todo ou em datas especiais. “O objetivo foi identificar a demanda atual e potencial de produtos artesanais por partes destas empresas”, explica Marcílio.

A primeira descoberta quanto à atual situação delas é que 46% adquirem o produto no próprio estado e 29% encomendam de fora. Deste total, ainda foi verificado que 82% preferem dar o brinde em lugar de um presente. Outro aspecto avaliado foi quanto à freqüência de compra dos brindes. A maioria, 67%, compra quatro ou mais vezes ao ano para entregar principalmente em datas comemorativas, como início e final de ano, Dia da Mulher, Dia das Mães e outras.

Já a média de compra por ano fica em torno de cinco mil brindes – algumas chegam adquirir mais de 50 mil unidades. Dentre os tipos mais comprados lideram as canetas personalizadas, com 21%, seguidas de agendas (15%) e outros artigos como canecas, chaveiros e porta cartões. “Dependendo da ocasião, do perfil de clientela e do segmento econômico, aparecem outros itens, como fio dental, mouse-pad, calendários, panetones”, diz Marcílio.

Na hora de escolher o que comprar, os mais procurados, para 83,33% dos entrevistados, são os brindes que divulgam a marca da empresa; para 40%, são primordiais a personalização e a qualidade dos produtos.

Brindes Artesanais

O apelo ecológico e ambiental também tem chamado atenção dos empresários – 33,3% deles consideram este atributo importante para o produto. “O preço deixou de estar entre os itens mais valorizados e percebemos que a empresa quer fixar a marca, mostrar que enxerga o cliente como único e que ainda pensa na sustentabilidade do planeta. Neste ponto o artesanato sai à frente porque já produz dentro desta consciência”, avalia Marcílio.

Apesar disso, apenas 21% das empresas entrevistadas afirmaram ter comprado em algum momento brindes artesanais. O restante destaca, dentre os motivos para não ter escolhido o artesanato, a falta de informação sobre a existência de produtos nesta linha e sobre seus fornecedores. A boa notícia é que 88% informam que tem interesse em comprar e apenas 8% afirmou não ter qualquer pretensão de passar a utilizar os brindes artesanais.

Dos interessados 42% não mencionaram restrição ao produto artesanal e 54% disseram que exigem qualidade e a formalização do fornecedor, principalmente para os casos de licitação. “As empresas, no geral, querem que o artesanato possa carregar a sua marca e muitas, pela falta de informação, deixam de comprar o produto por não enxergarem esta possibilidade”, afirma Marcílio.

Para a artesã Cláudia Castelão, de Campo Grande, não há esta barreira. Para ela, com criatividade é possível fazer peças que atendam a este requisito. A principal característica de seu produto é o colorido da Flor de Xaraés, símbolo do Pantanal, que ela soube bem adequar ao mercado corporativo. “Criei o porta lápis e bilhetes e o porta rascunho de mesa, que pode levar a logomarca”, diz Cláudia.
E quando a oportunidade bate à porta é hora de mostrar talento e quantidade dentro do prazo, segundo o designer Lars Diederichsen, fundador do Instituto Meio. Lars palestrou no último dia 16, durante a Semana do Artesão, promovida pela Sebrae/MS e Fundação de Cultura do Estado. “Não adianta pensar em peças muito elaboradas, complexas. Os brindes devem ser simples e carregar a identidade regional ou corporativa”, diz.

Foi a experiência que a designer e artesã Jane Arguello teve em sua primeira encomenda grande para uma empresa privada de Campo Grande. “Foram mil tijolinhos de sete centímetros cada para o lançamento de um condomínio residencial. A construtora gravou a marca no brinde que serve de pesinho de papel e artigo de decoração na mesa de escritório”, relata Jane.

Ela conta que antes de entregar a peça apresentou cinco protótipos diferentes aos organizadores do evento. “Ficou a contento e tivemos quatro semanas para a entrega. Antes disso tinha feito brindes apenas para reuniões informais como chás de panela”, comenta.

Quem está há mais tempo no mercado corporativo aconselha: “O artesão tem que organizar o processo produtivo. Hoje, trabalho com duas pessoas na modelagem e outras duas na pintura”, relata Indiana Marques, artesã há 12 anos.
Seu ateliê Florada do Tagy já forneceu para prefeituras, empresas privadas e entidades públicas. “Meu produto são as bugrinhas e a negra, que representam bem a cultura regional e servem de decoração. A maioria das empresas opta por oferecer em datas especiais, mas tenho encomenda o tempo todo”, diz. Para ela, o mercado corporativo pode melhorar muito as vendas. “A parte de brindes corresponde a 20% do meu faturamento e tem artesão que já chega a 50%”.

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