Quem nunca ficou namorando uma vitrine que atire a primeira peça. A prática é tão comum e corriqueira que existe até um termo para isso na Língua Inglesa: “window shopping”, algo como “fazer compras de vitrine”.
Fato é que poucos consumidores resistem a uma vitrine bem elaborada, que chama a atenção e mostra com bastante destaque aquele produto que a gente tanto quer; ou que, até ver ali disponível, não sabia o quanto desejava.
Essa é uma das estratégias de varejo mais poderosas para conseguir mais vendas. Ela usa para esse fim uma ferramenta que algumas pessoas já ouviram falar: o visual merchandising, que utiliza artifícios que valorizam a estética do ponto de venda, encantam os sentidos humanos e tornam o produto ou serviço interessantes o suficiente para que sejam consumidos.
Heloísa Omine, publicitária, especializada em varejo e mestra em Comunicação e Práticas do Consumo, trabalha há mais de 25 anos com visual merchandising, marketing sensorial, branding, estratégias de marketing e experiência de consumo. Além disso, trabalha com o Sebrae Paraná desde 2008 desenvolvendo projetos voltados para o varejo.
Ela explica que uma fachada bem estruturada é fundamental para gerar visibilidade para a loja, fazendo com que se destaque em relação aos demais estabelecimentos do entorno. “O primeiro contato do potencial cliente é com a fachada, que propicia o reconhecimento ou a curiosidade, e, na sequência, com a vitrine e tudo o que nela está comunicado e exposto. Ambas impulsionam o consumidor para dentro da loja”, pontua.
O artista visual especializado em visual merchandising, Rogerio Wolf, concorda com Heloísa. Coordenando o núcleo de moda de um shopping atacadista em São Paulo e o núcleo de arte de uma marca, ele explica que fachada e vitrine fazem uma dupla poderosa e que devem definir de forma clara e imediata o conceito visual da marca.
“Para se destacar, a marca precisa trabalhar com storytelling, ou seja, contar uma história para o consumidor. Ele deve mostrar o que você quer vender, para quem você quer vender e como você quer vender, criando toda uma atmosfera dentro das lojas”, afirma. Ele diz ainda que essa mensagem extrapola o espaço físico da fachada e da vitrine, avançando até mesmo para as redes sociais da marca, para que as pessoas entendam e queiram participar dessa história.
Regras
Além do estudo criativo e estratégico, é preciso ter em mente que existe uma legislação – principalmente para as fachadas. As prefeituras das cidades estabelecem o que pode ou não ser feito pelos comércios. Campo Grande, por exemplo, tem normas que seguem a Lei da Cidade Limpa, de São Paulo. Com ela são definidas as dimensões de comunicação da marca na fachada, preservando assim a arquitetura do local e diminuindo a poluição visual.
Já nas lojas de shopping há que se observar o que está estabelecido nos manuais de cada centro comercial e utilizar isso como seu aliado. “Se o empresário trabalhar com sua identidade de marca, de maneira consistente da fachada aos materiais de embalagem, ele potencializa o processo de identificação”, pontua Heloísa.
Perfeição
Para Rogério, não há uma receita de bolo para uma vitrine ou fachada perfeitas. Ele acredita que existem algumas regras básicas, quase matemáticas, que devem ser seguidas no que diz respeito ao ponto de observação principal – local para destacar as peças, altura, largura, profundidade e tipo de iluminação. O consumidor encontra a perfeição quando uma fachada ou vitrine conseguem tirá-lo de seu cotidiano.
“Preciso passar por ali e conseguir admirar, perceber. Uma fachada, por exemplo, pode ser inteira viva ou pintada com grafite, por exemplo. Deve chamar a atenção de uma forma agradável, inserida no seu espaço, e convidar seu cliente a entrar no estabelecimento; não só observar do lado de fora.”
Já Heloísa afirma que a vitrine perfeita é aquela que conta uma história sobre os produtos, ação promocional ou data de oportunidade do momento; e alerta: em muitos casos, menos é mais. “A fachada perfeita é aquela que comunica a identidade da loja, nas cores, nas formas, nos materiais, na marca”, finaliza.
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