Empreendedorismo

Paixão pode virar negócio? É bom saber se você tem determinação para tanto

Gostar da atividade em que trabalha é importante e contribui principalmente para que se tenha qualidade de vida, na fase inicial em que é exigida uma dedicação integral e total à empresa, porém apaixonar-se cegamente pelo que faz pode levar ao fracasso.

Todos nós conhecemos casos de pessoas que abrem suas empresas e em pouco tempo começam a enfrentar dificuldades, problemas com capital de giro e, de repente, a empresa fecha. Imediatamente nos vem o questionamento: Por quê ?

Motivo para empreender: paixão

Os motivos pelos quais escolhemos qual o ramo de atividade que abrimos nosso negócio podem estar ligados à nossa própria história de vida, por exemplo: o meu pai tinha sonho de ter uma loja para vender tinta, por isso abri uma – quando eu era pequeno trabalhei na lanchonete do meu tio, agora abri uma lanchonete – a minha mãe vendia marmita e seu sonho era um restaurante, por isso abri um.

A paixão é potencializada pelo sonho, isso é bom, mas o ruim é que muitas vezes temos apenas a visão romântica da atividade que pretendemos trabalhar, é como se você sonhasse com um restaurante, imaginando como seria receber seus clientes, dentre eles alguns amigos, você bem vestido à porta, conversando com os clientes, da maneira como sempre sonhou.

Nem tudo são flores

Poucos são os que olham a atividade da maneira nua e crua. Pense no mesmo restaurante, porém imagine-se resolvendo a falta de determinado alimento ou condimento para preparar seus pratos, no meio do dia com as mesas cheias de gente; ou abrir as portas e não ter nenhum movimento.

Proprietário de restaurante fecha muito tarde, entretanto acorda bem cedo para comprar os alimentos. Vários problemas de fechamento de conta das mesas também tem que ser resolvidos, com clientes falando que não beberam tudo o que o garçom marcou, literalmente uma série de pepinos e abacaxis.

Conheço casos de empresários que compraram empresas já em funcionamento mesmo após análise e parecer desfavorável à compra realizada por um contador. O “apaixonado” comprou o negócio porque se deixou iludir pelo antigo dono que informou que a contabilidade não era referência, porque “o por fora”, era bem maior.

Plano de negócio

Roberto Justos em seu livro O Empreendedor cita que é um absurdo alguém abrir uma empresa sem realizar o Plano de Negócio. Concordo que é complexo, exige muitas informações e detalhes, porém é a maneira mais eficiente de sabermos todos os aspectos que envolvem a atividade que pretendemos dedicar anos de nossa vida.

O Plano de Negócio coloca nossos pés no chão. Abrir uma empresa pode ser sim a concretização de um sonho, não podemos desfazer da magia deste momento. Por outro lado, sabemos que precisamos fazer contas até para realizarmos alguns dos nossos sonhos. Por que para abrir um negócio seria diferente ?

Já vi empresas abrirem em cada local absurdo para a atividade, como sacolão próximo a córregos com mau cheiro, lojas especializadas em tênis em ruas em que só tem auto-peças, clubes com música alta em bairros residenciais. Cadê o plano de negócio?

Lembro-me de que estava de férias com minha esposa no Paraná e fui almoçar em uma ilha de pescadores que fica próxima à Ilha do Mel, após o almoço antes de ir embora avistei uma loja pequena, a única por ali, ao chegar não encontrei nada que tivesse algum tipo de ligação com a ilha, nenhum artesanato local, só encontrei lanternas e bugigangas do Paraguai. Incrível, mas é verdade.

Sonho e realidade precisam andar juntos

Integre o sonho à realidade, leve em consideração todos os aspectos para que possa efetivamente minimizar os riscos. Desta forma para cada possível problema identificado em seu planejamento tome uma medida preventiva, ou chegará à conclusão de não abrir. De repente decidir por outro projeto empresarial será a melhor saída, para que viva melhor ou pelo menos sua empresa sobreviva mais do que dois anos.

Qualquer coisa faz a diferença em um empreendimento, desde saber de onde vem o dinheiro para abrir. Pense se convém abrir uma empresa com a sogra, ou com o irmão. Caso as divergências sejam maiores que as convergências, um negócio poderá se tornar apenas mais um problema familiar. Reflita. Durante a elaboração do plano de negócio converse com alguns empresários da mesma atividade que pretende atuar, visite negócios similares, observe a dinâmica do negócio.

Tenha a visão real das coisas, não apenas a visão romântica. O sucesso também está ligado ao planejamento, ponha os pés no chão para colocar dinheiro no bolso e lembre-se de que a paixão pela atividade poderá ser o motivo do fracasso.

Autor: Marcílo Moreira (Sebrae/MS)

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