Já se passaram mais de 28 anos desde o dia em que José Lima Souza Porto cortou o cabelo do filho na banheira em que lhe dava banho, na tentativa de acalmá-lo. “Deu certo e ficou uma maravilha”, diz ele, hoje com 46 anos e conhecido como Zezé. Na verdade, deu tão certo que logo se transformou num negócio que hoje atende homens, mulheres e crianças de todas as idades e oferece praticamente todos os serviços da área de beleza: o Zezé Hair.
“Já viu salão de beleza sem fofoca? Pois é, no Zezé Hair é assim: sem fofoca. São 15 profissionais trabalhando de forma colaborativa para crescer profissionalmente”, afirma Zezé, que trabalha com a esposa e sócia Neuza Osorio, 36 anos. O negócio é mesmo bastante familiar: nele trabalham ainda as irmãs de Neuza. E essa característica reflete-se também na clientela: “Atendemos pai, mãe, filhos e netos, várias gerações da mesma família que são nossos clientes há mais de 25 anos. Alguns dizem que fazemos parte de suas histórias de vida”, conta.
Mas, se hoje o negócio está bem estruturado e é referência em beleza na região, o começo foi mais difícil do que até mesmo o pior cenário imaginado por eles. “Abrimos o primeiro espaço em meio a uma das piores crises econômicas que o país enfrentou, com apenas um lavatório, uma cadeira e um espelho improvisado no chão. Chegamos a ter um único cliente ao longo de toda a semana. Naquela época, comprávamos o jantar com o dinheiro do dia e dividíamos uma marmita entre três pessoas”, lembra.
Embora já tenham mudado algumas vezes de endereço, eles continuam no mesmo bairro desde o início, o Portal do Panamá (altos da Júlio de Castilho), em Campo Grande, onde têm clientes fiéis e construíram seu círculo de relacionamentos e parcerias. “Minha família e eu damos preferência ao nosso bairro, pois temos tudo aqui: mercado, casa de carne, frutaria, entretenimento, dentista, pizzaria… Como temos muitos clientes do nosso próprio bairro, também procuramos retribuir e fazer o dinheiro circular por aqui mesmo”, diz Zezé.
Como proprietários de um pequeno negócio e tendo superado todos os desafios de um começo difícil para hoje usufruírem de um contexto mais sólido, Zezé e Neuza entendem que essa cooperação entre pequenos empreendedores é fundamental para o desenvolvimento das regiões e, por fim, para o crescimento da economia brasileira em geral. “Aqui fazemos muitas trocas, parcerias, os pequenos empresários do bairro se ajudam, independentemente do segmento, e assim vamos crescendo juntos”, completa.
Texto: Fernanda Oliveira para a campanha do Movimento Compre do Pequeno – Sebrae.
Texto original publicado no Campo Grande News.