Depois de décadas acordando cedo, batendo ponto, cumprindo uma rotina puxada de trabalho… Finalmente a tão sonhada aposentadoria! Sem hora para acordar e tempo de sobra para fazer o que você quiser. Inclusive nada.
Para algumas pessoas, aposentadoria não é sinônimo de inatividade e pode ajudar a despertar um sonho antigo: o de ter o próprio negócio, seja por necessidade ou apenas a vontade de fazer algo diferente e prazeroso.
Vários aposentados têm começado a empreender. Para se ter uma ideia, de acordo com o Portal do Empreendedor, existem atualmente no Brasil mais de 520 mil microempreendedores individuais (MEIs) com 61 anos ou mais. Em Mato Grosso do Sul, esse número chega a 7.850 pessoas.
De acordo com Rodrigo Sleiman, analista técnico do Sebrae/MS, há mais dois perfis de aposentados que decidem empreender. “Às vezes, é uma pessoa que trabalhou como funcionário por muito tempo e agora tem uma condição financeira para empreender ou possui o conhecimento técnico da área”, comenta.
O analista aponta que a maturidade emocional dessa faixa etária também permite que tenham um melhor planejamento e se preocupem mais com os propósitos do seu negócio. “Eles são produtivos, não têm medo dos ‘fantasmas’, como tecnologia, carga de trabalho, mudanças… Eles querem empreender. Apesar de terem em comum a idade mais avançada, esse é um público muito difuso. Então você tem pessoas com experiência técnica, outras não, tem pessoas que mesmo na terceira idade entendem de tecnologia e outras não, há também as muito controladas e disciplinadas e outras nem tanto, então eu não vejo que haja um desafio para eles”, afirma.
Válvula de escape
A experiência de muitos anos trabalhando no comércio deu a segurança necessária para Dona Vilma abrir seu próprio negócio. Já aposentada, deixou Brasília para vir a Campo Grande ficar mais perto dos filhos; e a situação de ficar em casa sem nada para fazer foi o gatilho para que ela investisse na loja de bolos caseiros Bolos da Vovó, que fica na Avenida Bom Pastor.
“Lá em Brasília já estava muito forte essa ideia de bolos caseiros, mas aqui em Campo Grande não tinha nenhum lugar que vendesse. Nós fomos os primeiros”, comenta. Com a loja aberta há seis anos, Dona Vilma afirma que já passou por altos e baixos. “Tem dias que a gente vende menos, outros a gente vende mais, e assim vamos levando. Mas foi muito bom ter aberto a loja, me sinto útil e estou fazendo algo que me dá prazer”, diz.
A empreendedora comenta que, com a aposentadoria e o avanço da idade, você não se sente mais tão livre, não pode viajar tanto quanto gostaria e que abrir um negócio pode ser uma válvula de escape. “É tão bom fazer alguma coisa que você gosta, que te dá prazer, que faça você sair de casa e entrar em contato com as pessoas”, finaliza.
Uma história parecida com a da Dona Vilma é da bordadeira e ex-policial Vera Cella. Em 2015, ela e as irmãs buscaras informações sobre formalização de um negócio e hoje são donas da C4 Bordados e Criações. Especializadas em bordado eletrônico e roupas confeccionadas com a técnica do bordado filé, o grupo recebe encomendas de peças personalizadas e participa de feiras de artesanato pela cidade.
Vera admite que a mudança de carreira, de policial para empreendedora e bordadeira, foi uma dificuldade. “Antes vivia sempre na correria. Agora, preciso de paciência, pois o trabalho manual necessita de muita atenção. Além disso, dentre as características que penso precisar para empreender na terceira idade está a persistência, visto que com o passar do tempo, de um lado adquirimos a paciência e maior tolerância, mas por outro perdemos alguns reflexos e nem sempre conseguimos o que buscamos de forma rápida. Então, precisamos persistir”, comenta.
Não importa a sua idade, se você quer empreender, o Sebrae MS pode te ajudar. Entre em contato e conte com a gente!