Sabe o que é venda direta? Se não, a gente explica. É um sistema de comercialização de bens de consumo e serviços baseado no contato direto e pessoal entre vendedores e compradores, fora de um estabelecimento comercial fixo. Grandes marcas nacionais e internacionais apostam no modelo, que ajuda a fidelizar clientes e oferecer uma experiência mais personalizada.
Em Mato Grosso do Sul, a aposta nesse tipo de modelo deu bons resultados, como é o caso de Vanessa Santos, que começou como vendedora e, hoje, coordena uma rede de mais de 60 revendedores de acessórios e semijoias em todo o estado. À medida em que começou a conhecer o mercado na prática, passou a se inteirar também sobre fornecedores e, dado o bom trabalho que vinha fazendo, foi convidada a supervisionar a região de Jardim, onde mora.
“Depois de um tempo, comecei a comprar os materiais e entregar para as vendedoras. Essa parte me dava um lucro maior”, explica. Em seis anos na área, ela decidiu que era o momento de ter um ponto fixo e abriu uma loja. “Mas o movimento não era grande e eu percebi que precisava manter as vendedoras. Resolvi focar nisso e expandir”, argumenta. Ela ressalta que a dinâmica das vendas externas se adequa aos clientes.
“Os horários são mais flexíveis e é bastante comum que as vendedoras criem um relacionamento mais próximos com os compradores. Isso é um diferencial importante que eu não consigo oferecer com a loja fixa”, explica. Vanessa também que descobriu muito do trabalho na tentativa e erro, mas chegou um momento em que decidiu procurar o Sebrae e uma consultoria profissional. “Ano passado tive apoio de um consultor que me ajudou com algumas ideias. Foi assim que chegamos ao nome VS Semijoias”, explica.
Com mais de 4,3 milhões de pessoas ligadas ao mercado de vendas diretas no Brasil, o volume de negócio é de US$ 14,6 bilhões. O país ocupa a quarta posição no raking da Federação Mundial de Associações de Venda Direta, perdendo apenas para Estados Unidos, Japão e China. Os produtos comercializados variam de cosméticos e produtos de limpeza a recipientes plásticos e suplementos nutricionais; entre outros.
Escolha de modelo
Para a médica Ana Helena Mattos, responsável pela Ana Mattos – marca de produtos cosméticos e higiene pessoal – a venda direta surgiu como uma opção para levar seus produtos ao interior de Mato Grosso do Sul. “Apesar da distribuição em farmácias ser o carro-chefe de vendas, contamos o sistema de vendas diretas para potencializar e divulgar nossa linha outras cidades”, argumenta.
Com cinco produtos criados, todos à base de extrato de barbatimão, uma árvore típica do cerrado, Ana Mattos surgiu a partir de observações da médica ginecologista e de relatos de suas pacientes. “Existia um conhecimento popular em torno do uso da casca da planta e isso me levou a pesquisar. Confirmei que existiam propriedades bem interessantes relacionadas ao composto”, explica.
Segundo ela, todos os meses, pelos menos 10 pessoas entram em contato interessadas em fazer a representação, não só em Mato Grosso do Sul, como estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e também da região Nordeste do país. Além disso, a linha de produtos também é terceirizada e comercializada pela Empodera, uma empresa criada em Campo Grande e focada na comercialização de semijoias, cosméticos e lingeries por venda direta. “Nós somos responsáveis pela produção e os produtos são comercializados por revendedoras da empresa. Nesse caso, os sabonetes e os cremes não levam nosso nome, mas o da Empodera”, explica Ana.
Conheça mais sobre o sistema de venda direta
As modalidades mais praticadas são: “Door to door” (porta a porta), na qual o revendedor visita a residência ou local de trabalho do consumidor; “Catálogo”, quando se deixe o catálogo ou folheto com o consumidor e depois se entra em contato para retirar o pedido; e “Party plan”, no qual o revendedor promove encontros na casa da consumidora para ela e suas amigas.
Existem dois modelos mais conhecidos nesse sistema de comercialização, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas. Com o modelo mononível, é possível que o revendedor tenha lucros de até 30% em cima dos produtos que são revendidos. Já no modelo multinível, além da margem de lucro, o revendedor pode indicar outros revendedores e ganhar uma porcentagem em cima de suas vendas.