Inovação e Tecnologia

27 setembro, 2017 • Inovação e Tecnologia

Vai ter roupa usada, sim!

Um cenário de crise que estimula as pessoas a serem criativas na hora de economizar ou a preocupação real com o futuro e a sustentabilidade do planeta? Difícil dizer o que exatamente fez o mercado de brechós em Campo Grande crescer tanto nos últimos anos. Mas o fato é que ele existe e tem se tornado uma alternativa atrativa para os consumidores e uma excelente oportunidade de negócio.

A gaúcha Dolly Batista veio do interior do Rio Grande do Sul para desfazer os preconceitos que existiam em tornos dos brechós. Enquanto trabalhava com tratamentos dermatológicos em um salão de beleza, montou uma pequena sala com seus próprios “desapegos”, que nenhuma loja no centro quis comprar. Assim nasceu a Doka Reciclagem Fashion.

Dos cartões entregues de mão em mão e dos convites no ponto de ônibus para visitar a loja, dez anos depois, a pequena sala tomou conta de todo o espaço do salão e as poucas peças se multiplicaram: são mais de 5 mil itens entre roupas, calçados e acessórios.

Da experiência, Doka – como é chamada -, carrega alguns ensinamentos e também um novo estilo de vida.

“Desde que abri a loja, nunca mais comprei roupa para mim e abri o setor masculino por causa do meu filho. Eu acredito e vivo isso. Meu critério para escolher as peças é basicamente o estado físico, não tem como se prender à moda e à tendência. Mesmo assim, vem muita roupa com etiqueta ainda”, comenta.

Doka também aprendeu no Nascer Bem que precisa trabalhar com uma tabela de compras e a estabelecer o preço dos seus produtos. Em suas campanhas de rádio, Doka investe na conscientização. As vendas ficam para o Facebook.

Coletivo do bem

Hoje, a indústria têxtil só perde para a petrolífera em poluição. A informação é da jornalista Val Reis e demonstra a importância do trabalho que ela desenvolve há dois anos à frente do Coletivo de Brechós, uma iniciativa que reúne pessoas que trabalham no segmento de brechós e se uniram para fortalecer o segmento e trabalhar alguns conceitos dentro dele, como geração de renda, sustentabilidade e a luta contra o preconceito às roupas usadas.

“Nosso objetivo é apresentar as peças aos clientes já prontas para usar, então temos algumas regras de apresentação, de qualidade das peças, tudo é lavado e passado, não pode ter defeito. A gente contribui para um mundo melhor porque o reuso de peças faz uma enorme diferença no planeta. Queremos que as pessoas se perguntem: pra que comprar uma peça nova se existem peças em ótimo estado que podem continuar sendo usadas?”, explica Val.

O Coletivo tem um site, uma página no Facebook e realiza eventos. A agenda,inclusive, está lotada quase todo final de semana.

Rosely Gimenez é uma das participantes do Coletivo de Brechós que apostou na ideia desde o começo. Natural de Dourados, mas morando em Campo Grande há 35 anos, a auxiliar administrativa se apaixonou pela reciclagem de roupas em 2012, depois de ajudar sua irmã em sua loja.

“Depois disso não parei mais, estou sempre procurando peças diferentes, antigas, mas em perfeito estado. Acredito muito no reaproveitamento, o consumismo tem prejudicado muito o planeta e o nosso trabalho do coletivo é mais do que vender roupas, é conscientizar as pessoas”, defende Rose.

O brechó de Rose é virtual e aos finais de semana participa dos eventos realizados pelo Coletivo. Ela sabe que o primeiro motivo que leva uma pessoa a procurar um brechó é o preço mais atrativo, mas ainda assim aposta na ideia e pretende investir para abrir uma loja física.

“Consciência ambiental poucas pessoas têm e muitas têm preconceito também. Mas quem compra da gente, mesmo que pelo preço, já está contribuindo para um planeta mais sustentável. Vejo que é um segmento que tem se fortalecido e pretendo continuar investindo”, garante.

 

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