Oito milhões e meio de pessoas. Essa é a estimativa da população mundial em 2030 feita pela ONU (Organização das Nações Unidas). Com praticamente 1 milhão de pessoas a mais do que habitam hoje o Planeta Terra, os impactos são inevitáveis, assim como os desafios.
Desafios estes que, de acordo com a Embrapa, serão o aumento da demanda mundial por alimentos, que deve crescer em 35%, por energia em 40% e por água em 50%.
Grandes extensões de terra, água abundante, clima tropical e disseminação da tecnologia tornam o Brasil um dos países líderes para responder a essa demanda, de acordo com Eduardo Riedel, diretor da Sapé Agropastoril Ltda., e que já foi presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), do Sindicato Rural de Maracaju (MS), do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae (CDE) em MS, vice-presidente diretor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e eleito três vezes consecutivas uma das 100 personalidades mais influentes do agronegócio brasileiro pela revista Dinheiro Rural.
“O Brasil é a fazenda do mundo. Estado Unidos, China, Austrália, todos esses países que sempre foram referência na produção de alimentos não têm mais para onde crescer, estão nos seus limites físicos e tecnológicos. Nós ainda temos espaço para crescer”, afirma.
No entanto, esse crescimento não se dará de maneira horizontal, ocupando novas extensões de terra, e sim aumentando a produtividade dos espaços que já são destinados para a agricultura e pecuária por meio do uso e difusão da tecnologia.
Nos últimos 20 anos, os avanços da ciência e da tecnologia conseguiram aumentar a capacidade produtiva das nossas principais cadeias (como soja, milho, café, carnes e leite) em 2 vezes e meia, o que permitiu que o aumento na produção de alimentos acompanhasse o aumento populacional. Isso nos dá a dimensão do que é possível fazer até 2030.
Todo esse avanço, de acordo com Riedel, só foi possível graças a um conjunto de fatores. Em primeiro lugar, as características territoriais e climáticas do Brasil e, sobretudo de Mato Grosso do Sul; em segundo lugar, o domínio sobre toda uma prateleira de tecnologias que começou a ser aplicada com mais intensidade, expandindo o potencial dos nossos recursos naturais; e, em terceiro lugar, o capital social brasileiro, o empreendedorismo do produtor rural.
“O produtor rural brasileiro corre riscos, não pensa no lucro de curto prazo, e, por acreditar e ser apaixonado pelo que faz, investe e faz acontecer. Para os próximos anos, tudo isso vai continuar sendo importante, mas o segredo do aumento da produtividade está no equilíbrio tecnológico. Ainda vejo uma heterogeneidade muito grande quando o assunto é domínio de tecnologia. Tem produtor que consegue 3 litros de leite por vaca/dia, e o que consegue 40 litros de leite por vaca/dia. O segredo está na tecnologia”, comenta.
Em 2030
O Brasil tem, atualmente, 7% do seu território ocupado com o cultivo de agricultura e 22% para a pecuária. Em Mato Grosso do Sul, 5 milhões de hectares são destinados à produção de grãos e cana, e outros 14 milhões são pastagens para pecuária. De acordo com Riedel, é possível, até 2030, triplicar a capacidade produtiva dessas áreas, com integração lavoura-pecuária, conversão e tecnologias.
“Vejo que em 2030 vamos ter diminuído o déficit de tecnologia que existe em algumas cadeias produtivas; que robótica e inteligência artificial vão estar muito presentes no dia a dia, pois terão custo bem mais acessível do que é hoje, impactando sobremaneira os processos e os números”, finaliza.
Riedel é hoje Secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica (Segov) de Mato Grosso do Sul.