Definir o preço de venda de um produto ou serviço é uma tarefa muito importante para o sucesso e a saúde financeira de uma empresa. Mas é comum que empreendedores tenham certa dificuldade na hora de precificar. E você? Sabe se o seu preço de venda está certo?
Para te ajudar nesse assunto, entrevistamos o economista, consultor em gestão financeira e diretor de negócios da AGRICON Consultoria, Hudson Garcia, para descomplicar o cálculo e te mostrar que o processo é mais simples do que parece. Vamos lá?
Primeiro passo para definir o preço de venda
É imprescindível ter plena consciência sobre o valor real do seu produto. Nesse sentido, você deve considerar: pagamento dos fornecedores, custos e despesas fixas, impostos e a geração de lucro.
Caso você tenha um comércio ou indústria, precisa levantar de forma precisa o custo de mercadoria vendida, ou seja, todos os insumos necessários para que o produto esteja pronto para venda. No caso de prestação de serviço, o seu custo deve ser definido pela despesa operacional e margem de contribuição.
Mas, para ambos os tipos de negócio, você precisa definir o seu índice de mark-up.
O que é Mark-up?
É um índice aplicado sobre o custo de um produto ou serviço para definir o preço de venda. O cálculo tem como base a ideia de “preço margem”, que consiste em multiplicar o custo unitário de um produto – já incluso suas despesas operacionais – e uma margem de contribuição.
Por exemplo, se você quer destinar 10% para pagamento de impostos, 25% para pagamento de despesas/custos fixos e pretende atingir 30% de margem de lucro, o seu mark-up será de 2,8.
Cálculo Mark-Up
mark-up = 1 / (1-(0,10+0,25+0,3))
mark-up = 1 / (1 – 0,65)
mark-up = 1 / 0,35
mark-up = 2,8571
Agora que você já sabe o valor do mark-up, é só multiplicar pelo valor da mercadoria que você comprou. Tomemos como exemplo uma mercadoria que custa R$ 100,00. Nesse caso, esse produto precisa ser vendido no valor de R$ 285,71 para arcar com as despesas do seu negócio e gerar lucro.
Segundo passo: Definir uma margem de lucro
“Não é possível afirmar que existe uma margem ideal que se aplique a qualquer tipo de empresa ou negócio”, afirma Hudson. Mas ele deixa claro que o preço deve ser analisado de forma competitiva e estratégica para ter uma margem saudável, ou seja, que vai assegurar a permanência da sua empresa no mercado a longo prazo, proporcionando geração de fluxo de caixa e retorno financeiro adequado.
Terceiro passo: Analisar a concorrência
Mas além de definir o mark-up e a margem de lucro que se quer ter, é preciso avaliar muito bem a concorrência. Em muitos casos, o preço do produto ou serviço é determinado pelo mercado e resta a você apenas ajustar alguns custos, despesas e margens de lucro para conseguir vender o seu produto, sem cobrar fora do preço estabelecido no mercado e muito menos sair no prejuízo.
Quarto passo: Calcular transações de débito e crédito
As despesas cobradas na antecipação das vendas com cartão de crédito e débito devem compor o seu preço. Para amenizar tais taxas, o segredo também está na negociação com os fornecedores, para não prejudicar o valor final do seu produto ou serviço.
O que não precisa entrar na conta?
“O que não precisa entrar na conta do preço de venda são as despesas não operacionais ou não monetárias. Como, por exemplo, investimentos, aplicações financeiras, amortização e depreciação, pois estas são contas do seu resultado financeiro”, explica Hudson.
Como calcular desconto, sem ter prejuízo?
Agora que você já sabe como precificar o seu produto ou serviço de forma correta, que tal aprender algumas dicas para calcular desconto sem ter prejuízo no final do mês? Afinal, qualquer desconto influencia diretamente na margem de lucro, ou seja, quanto mais desconto você der, menor o seu lucro.
Nesse sentido, todo cuidado é pouco para não conceder desconto maior do que você pode. “Conceder desconto em uma venda só é possível quando a envolver uma boa quantidade vendida, pois, assim, haverá a diluição do custo fixo, ou no caso de queima de estoque, quando a empresa precisa reforçar o caixa e possui uma grande quantidade de mercadorias estocadas”, explica Hudson.
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