Lidar com a alta temporada e uma grande quantidade de clientes pode ser difícil, mas ainda é a parte boa de quem trabalha no setor de Turismo. O verdadeiro desafio chega junto com a baixa temporada, quando clima, temperatura e até mesmo calendário escolar fazem com que as pessoas não viajem.
Nessa hora, quem trabalha com Turismo precisa pensar em alternativas para aumentar o faturamento e sobreviver até a alta temporada novamente.
Soluções que podem beneficiar os vários negócios que envolvem o setor (Hotelaria, Gastronomia e Transporte), como festivais musicais e gastronômicos, eventos voltados para nichos específicos de turistas; como terceira idade ou apaixonados por carros antigos, é uma saída interessante, mas que dependa da união entre os empresários e o poder público.
Estimular a realização de encontros, convenções e outros negócios corporativos também geram excelentes resultados.
O objetivo é que, mesmo fora da temporada, a região esteja sempre viva e ofereça atrações que possibilitem, inclusive, a visita de turistas com menor poder aquisitivo – que não teriam a possibilidade de visitar o local durante a alta temporada.
Gerenciamento de crise na prática
A cidade de Bonito, distante 297 km de Campo Grande, é um dos principais destinos turísticos do Mato Grosso do Sul. Reunindo diversas atrações que vão de contemplação a aventura, enfrenta de dezembro a março o período de chuvas, que dependendo da intensidade podem fechar o acesso e cancelar alguns passeios.
Já que no clima e no tempo não se tem como mandar, como gerenciar, então, turistas instalados, com pacotes que incluem visita aos lagos, grutas, cachoeiras, mergulhos e até cavalgadas?
A primeira atitude a ser tomada é a comunicação honesta, explica Adriana Merjan, com anos de experiência pela agência BonitoWay. Oferecer outras opções de passeio que não estejam comprometidas e até mesmo um tour gastronômico podem ajudar o turista a passar o tempo enquanto a situação não é normalizada.
“Quando as chuvas são fortes, mas passageiras, muitas atrações têm um rápido retorno à normalidade. Grutas que podem estar escuras e inseguras às sete da manhã, podem estar aptas a visitação em duas ou três horas. Ou mesmo as cachoeiras, que se tornam barrentas, passam a ter a mesma e incrível transparência em poucas horas também. É função da empresa é explicar isso ao turista e tranquilizá-lo, evitando uma crise maior”, afirma.
Cortesias ou descontos para uma próxima visita também são opções interessantes para estreitar relacionamento, cativar o cliente e garantir o retorno dele à cidade.
O poder da reinvenção
São 32 anos de experiência no setor de Turismo. De funcionário como emissor de passagens a sócio, Adriano Oliveira passou por poucas empresas até abrir a sua própria Agência de Viagens, que não resistiu à crise da primeira década dos anos 2000 e fechou depois de oito anos. Nesse período, Adriano viu – e sentiu o impacto – da extinção do comissionamento pago pelas companhias aéreas e do surgimento de uma poderosa concorrente: a internet.
Driblando essa nova realidade e acompanhando as tendências do mercado, abriu em 2007 um escritório de consultorias em viagens.
“Reduzi meu quadro a apenas uma secretária e decidi atender pessoalmente apenas minha carteira de clientes. De uma maneira mais exclusiva, cobrando taxa de serviço pelas orientações e orçamentos solicitados. Deu um resultado excelente”, explica.
Outra maneira de garantir “alta temporada” para seu negócio o ano todo foi se abrir para outros produtos e nichos de mercado onde Adriano ainda não atuava.
“No ano de 2009 comecei a elaborar excursões rodoviárias de cunho religioso. Comecei levando grupos espíritas para a região do Triângulo Mineiro, por conta da importância histórica de Chico Xavier – que nasceu e viveu por lá – para essa religião. Após a primeira ida, demos início a uma estratégia na qual não havia e ainda não há concorrência. Até ano passado, levávamos três caravanas por ano àquele destino e uma outra para o exterior. Essas ações têm me respaldado durante estes anos todos, me trazendo proventos para enfrentar sazonalidades e também a crise financeira que mexe tanto com o comportamento dos clientes”, afirma.