Ter uma equipe alinhada para atender bem ao público é fator determinante no sucesso de um negócio. O chamado – e temido – turnover, ou seja, a rotatividade de pessoal, as alterações constantes no quadro de funcionários da empresa, pode impactar nos resultados de várias formas.
Formado em análises de sistemas, Rodrigo Gomes não imaginou que lidar com pessoas seria tão complexo quanto lidar com máquinas. À frente do Quiosque da Mata há três anos, o empresário tem sentido dificuldades para manter sua equipe, que atualmente é composta por 8 funcionários fixos e mais 8 freelancers (para os dias de maior movimento).
Do funcionário que ficou apenas uma semana ao freelancer que abandonou a função no mesmo dia em que começou, só este ano, 20 novos funcionários já passaram pela equipe de Rodrigo.
“Percebo que não se encara as profissões de atendente e garçom, por exemplo, como uma carreira, então acham que não existe necessidade de profissionalização. Isso impacta muito no nosso atendimento porque uma pessoa despreparada ou uma pessoa nova, que acabou de chegar, acaba fazendo um atendimento fraco”, comenta.
O empresário confessa que já chegou a pensar em fechar as portas aos domingos, dias de maior movimento na sorveteria, mas também dia de maior dificuldade de conseguir funcionários. Para evitar chegar nesse ponto, tem experimentado
algumas estratégias: decidiu não contratar mais nenhum especialista formado em gastronomia, mandou um chef embora e, com o salário que pagava para ele, está pagando cursos para duas funcionárias. Além disso, tem mapeado seus processos e preparado manuais.
Essa estratégia também foi a solução encontrada pelo empresário Wanderson Arruda, que tem criado manuais internos para facilitar o treinamento de quem entra para trabalhar na Black Bull Burger. Além disso, Wanderson cuida outros detalhes na hora de contratar.
“Sempre dou preferência para quem mora perto do negócio, isso diminui as chances da pessoa desistir. Horário de lanchonete é meio fora do padrão mesmo, se a pessoa sai tarde e não tem um ônibus para voltar pra casa, cedo ou tarde você vai acabar perdendo aquele funcionário”, relata.
Com uma equipe de pelo menos 18 pessoas, entre cozinha, churrasqueira, atendimento, limpeza, segurança e caixa, o
empresário Rodrigo Thomaz compartilha das mesmas dificuldades no seu estabelecimento, o Kokeiros Espetos.
“Não consigo ter equipe completa todos os dias, sempre tem alguém que falta. Isso compromete o atendimento e o prejuízo fica com o empresário, né?”, desabafa.
Para tentar diminuir a rotatividade, Rodrigo examina bem o currículo do candidato e, principalmente, pega referências sobre a pessoa nos antigos empregos.
Preparando soluções
A Gerente do Senac Turismo e Hospitalidade, Roberta Avalos, esclarece que as dificuldades enfrentadas pelos três empresários não são pontuais, acompanham a realidade da maioria dos negócios, sobretudo do ramo de alimentação, como bares, restaurantes e lanchonetes.
“A maioria das empresas não possui um plano de cargos e salários estabelecido, os quadros são enxutos, o que não permitem treinamento das equipes e acarretam na sobrecarga de trabalho”, pontua.
Como forma de amenizar e até mesmo reverter a situação, Roberta compartilhou com a gente algumas ideias que podem ser colocadas em prática:
- Reveja as escalas de trabalho e faça um esforço para oferecer uma folga a mais por semana;
- Ofereça recompensas aos funcionários bem avaliados, desde folgas extras até premiações;
- Tenha um plano de cargos e carreira transparente e acessível;
- Ofereça treinamentos e qualificações durante o horário de trabalho para que os funcionários se mantenham motivados.
Uma boa gestão de pessoas resulta no sucesso do negócio. Se quiser aprender ainda mais, o Sebrae oferece cursos e consultorias sobre assunto. Clique aqui para conhecê-los.