Neste momento de incertezas, muitos empreendedores têm buscado acesso a recursos financeiros para continuar de portas abertas. De acordo com o recente levantamento do Sebrae, mais de 63% dos empresários que pediram empréstimos na pandemia não o conseguiram, o que nos traz a preocupação de melhorar o cenário brasileiro nesta questão.
Isso porque existem inúmeros tipos de crédito e você precisa entender o que dificulta o acesso, quais os pré-requisitos, como saber se o seu negócio realmente precisa de financiamento e no que ficar de olho antes de acessar o crédito, principalmente durante a pandemia.
Nesse sentido, o especialista em serviços financeiros e analista técnico do Sebrae/MS, Vagner Alexandre Teixeira, ajuda a tirar todas as suas dúvidas de como ter acesso ao crédito durante a pandemia. Vamos lá?
O que dificulta o acesso ao crédito
- Situação legal, contábil e cadastral da empresa desatualizada;
- Ausência ou desatualização de orçamentos;
- Parcela de recursos próprios insuficientes ou inexistentes;
- Garantias insuficientes e/ou falta de documentação legal;
- Distorções nas informações contidas na proposta e sua comprovação junto à instituição financeira.
Pré-requisitos para acesso ao crédito
Capital = avaliação do patrimônio da empresa e do sócio
Condições = avaliação do momento pelo qual passa a empresa
Capacidade = de pagar compromissos financeiros
Caráter = histórico financeiro da empresa para verificar idoneidade e honestidade
Colateral = garantias físicas (imóveis, veículos e etc) e pessoais (aval)
O que saber antes de solicitar acesso ao crédito?
Para tudo em uma empresa é preciso planejamento. E solicitar financiamento não podia ser diferente. Nesse sentido, Vagner deu alguns conselhos e fez perguntas que você deve responder antes de procurar por empréstimos.
1. Pra quê preciso do financiamento?
Você precisa ter muita noção de onde você vai aplicar esse recurso e destiná-lo apenas para isso. “No caso da pandemia, estamos falando muito do capital de giro, que é para suprir a necessidade de pagar as despesas da sua empresa”, explica Vagner.
Fazer um diagnóstico financeiro da sua empresa por meio do fluxo de caixa te ajudará a definir qual a real necessidade do capital de giro do seu negócio, e assim, será mais fácil escolher a linha de crédito ideal.
“Aqui está o grande segredo para o futuro do seu negócio, porque todo mundo tem dívida e todo mundo precisa de dinheiro, principalmente nesse cenário em que estamos vivendo, mas você deve focar na sua real necessidade de capital de giro”, finaliza.
E se você tem dúvidas de como fazer, o Sebrae possui consultores para te ajudar a elaborar esse diagnóstico.
2. Quanto preciso de empréstimo?
Com o seu diagnóstico em mãos, é fácil responder essa pergunta, afinal, é importante ter uma noção do mínimo e máximo que você pode pedir de crédito, levando sempre em conta aquilo que pode pagar no futuro.
Assim, os valores serão o seu norte para que o seu planejamento não saia do controle.
3. Como irei pagar o empréstimo?
“Uma dívida do passado e mais outra dívida do presente se tornam duas no futuro”, alerta Vagner. Recorrer a um empréstimo deve ser a última coisa a ser considerada por um empresário para salvar o seu negócio.
Então é preciso tomar muito cuidado com o planejamento, principalmente na identificação e administração dos riscos e na capacidade de pagamento.
4. Quando precisarei de crédito?
Lembre-se de que empréstimo tem um prazo, um período operacional para correr, e se você está em uma situação de emergência, precisa discutir muito bem essa questão do tempo, porque o quanto antes, melhor.
5. Há formas de se autofinanciar?
A primeira coisa que o empresário tem que fazer é pensar em se autofinanciar, principalmente nesse momento de pandemia. “Afinal, o que você fez com os lucros da sua empresa até agora? Essa é uma reflexão que você deve fazer neste momento, antes de solicitar acesso ao crédito”, analisa Vagner.
3 tipos de crédito MS: os mais recomendados para aumentar o capital de giro do seu negócio
Agora que você já sabe os pré-requisitos para solicitar um empréstimo e o que deve analisar no seu negócio para planejar a real necessidade dele, o nosso consultor separou três tipos de crédito disponíveis em Mato Grosso do Sul (MS) para você ficar de olho.
Crédito livre para as micro, pequenas e médias empresas
Disponibilizada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para empresas com faturamento de até R$ 300 milhões. Os juros são de 12,34%, com prazo de até cinco anos e carência de até dois anos.
FAMPE
Parceria entre Caixa e Sebrae para disponibilizarem linhas de financiamento para MEI, ME e EPP, com valores máximos por CNPJ de R$ 12.500, R$ 75.000 e R$ 125.000, respectivamente, e taxas de juros mensais entre 1,19% a 1,59%.
“Um esforço do Sebrae para ajudar você empresário a captar esse recurso e outra facilidade é que, nos meses de carência, o empreendedor não pagará a taxa de juros e nem a amortização”, explica Vagner.
Para saber mais sobre essa linha de crédito assistido, clique no link.
Capital de Giro – Dissociado
Disponibilizado pelo Banco do Brasil e o Conselho Estadual de Investimentos Financiáveis do MS (CEIF/FCO) para as micro e pequenas empresas do estado com a finalidade de amparar gastos gerais relacionado à administração do negócio.
As taxas variam entre 4,73% a 5,10% ao ano, com teto de R$ 10 mil até R$ 540 mil, de acordo com o porte da empresa.
“Aqui os juros são muito competitivos e que você terá capacidade de encaixar na sua condição de pagamento. O que vai importar aqui é o seu limite, o relacionamento com a instituição financeira e o que você ofertará de garantia”, finaliza Vagner.
Dica extra: Cuidados ao solicitar crédito
Por último, mas não menos importante, Vagner lista quais os cuidados que você deve tomar para escolher o melhor financiamento para o seu negócio.
- Atenção à reciprocidade bancária, analise a venda casada;
- Atente para os custos, tarifas e impostos sobre as operações de financiamento;
- Conhecimento prévio das opções e condições das linhas de crédito reduz as dificuldades da negociação do financiamento;
- Apresente as disponibilidades de garantias no início da negociação com o agente financeiro;
- Um financiamento não deve ser utilizado para suprir deficiência de gestão financeira.