Sabe aquele estereótipo de produtor rural velho e mandão que a gente vê nas novelas? Pode esquecer! No dia a dia, a verdade é que cada vez mais jovens estão à frente do agronegócio no Brasil. A pesquisa mais recente da ABMRA (Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio) mostra que o campo brasileiro está cada vez mais jovem, o que demonstra que a agropecuária vem se renovando e se mostrando um bom negócio também para as novas gerações.
A associação ouviu 2.835 agricultores e pecuaristas de 15 estados de todas as regiões do Brasil e identificou que a idade média dos produtores hoje é de 46,5 anos, número 3,1% menor em relação ao estudo feito em 2013. Além disso, a pesquisa mostra que no cotidiano agrícola hoje estão muito presentes os drones, os GPS, os aplicativos de celular e as máquinas operadas sem a necessidade da mão-de-obra humana.
Outro dado que a pesquisa trouxe é que esses novos produtores rurais têm mais estudo que as gerações anteriores, pois 21% deles já têm curso superior.
Esse é o caso de Roberta Maia, filha, sobrinha e neta de produtores rurais. Aos 26 anos, a jovem é tão atuante no setor que tornou-se presidente da Comissão Famasul Jovem e membro do MNP Jovem (Movimento Nacional de Produtores). Formada em Administração, ela é também mestra na área, com foco na pesquisa em agronegócio. Agora prepara-se para a sucessão familiar na Servsal, empresa de nutrição animal, onde atua como gestora de capital humano e marketing.
Ela acredita que ser jovem no setor agropecuário é um grande desafio. “Por mais que estejamos passando por mudanças, a maioria das pessoas que atuam no agronegócio são tradicionais e conservadoras. Eu diria que estar jovem e no agronegócio tem me ensinado a ser paciente, resiliente e articuladora”, afirma.
À frente das comissões jovens da Famasul e do MNP, Roberta explica que o objetivo dessas entidades é promover a conscientização dos jovens sobre a importância do agronegócio e das instituições que defendem este setor, e estimular a efetiva participação e a inserção profissional do jovem sul-mato-grossense no agronegócio. “Trabalhamos com três pilares estratégicos: qualificação, conscientização e representatividade”, pontua.
Para ela, cada vez mais jovens têm se interessado pelo agronegócio, e isso acontece por vários motivos: a cultura do nosso estado, a importância econômica que o setor exerce em Mato Grosso do Sul e no Brasil, o crescimento do segmento, o ambiente institucional mais estruturado (leis trabalhistas, ambientais, etc.), e as diferentes demandas dos mercados que estão cada dia mais exigentes, implicando na utilização de novas tecnologias e aperfeiçoamento na gestão dos negócios. “Acredito que cabeças mais jovens podem trazer mais avanços ao segmento, tanto por questões técnicas como comportamentais. Ainda assim, aposto na mistura entre a experiência e as novas ideias”, finaliza lembrando que a união de conhecimentos novos e antigos pode fortalecer ainda mais os processos.
Nova fazenda
As fazendas também têm tomado novos rumos. Foi-se o tempo em que elas eram vistas como um pedaço de terra, uma garantia para o futuro. Hoje elas se transformaram em verdadeiras empresas a céu aberto e, sendo assim, devem funcionar de forma eficiente, trazendo lucro a seus proprietários.
Por outro lado, os processos também tornaram-se mais complexos. Há que se preocupar não só com a produção, mas com gestão de pessoas, trâmites burocráticos, finanças e muito mais. Pensando em suprir essas demandas, algumas empresas especializaram-se em atender os produtores rurais em todas essas esferas.
É o caso da Produção Consultoria Rural, que desde 1992 atua na administração terceirizada de fazendas. “Temos diversos serviços para atender ao produtor como um todo, seja na gestão total ou parcial da fazenda. Vamos da parte técnica até a financeira, passando por qualificação de mão de obra, uso de tecnologias, enfim, tudo que uma fazenda precisa para funcionar de maneira plena e eficiente”, explica um dos sócios, Sergio Prediger.
Com uma equipe multidisciplinar, composta por médicos veterinários, administradores e profissionais de Ciências Contábeis, a Produção tem sede em Campo Grande e atende mais de 50 fazendas, espalhadas pelos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais e até no vizinho Paraguai.
Nesses 25 anos de atuação da Produção Consultoria Rural, Sérgio afirma que viu o perfil do produtor mudar bastante também. “Hoje ele quer transformar essa fazenda em uma opção de investimento e esse é um grande desafio. Além disso, estamos hoje numa época em que há muita informação, muito conhecimento e as tecnologias aumentam dia a dia, eu acredito que só vai sobreviver aquele produtor que tiver preparado e que se antecipar a esses movimentos, aproveitando as oportunidades”, finaliza.