Em um mercado competitivo e cada vez mais incerto, no qual uma dedicação extra torna-se necessária para se estabelecer e obter destaque, é importante ter a sensibilidade de parar e perceber quando essa entrega consome mais do que o saudável de si mesmo.
Olhar-se com mais afeto e menos cobrança pode ser uma boa alternativa para manter a saúde mental e a produtividade lado a lado, mas às vezes é necessário ir além.
Karen Vogel é psicóloga e psicoterapeuta, mestre em ciências pela Faculdade de Medicina da USP, cursou Mindful Self Compassion e Mindfulness & Performance pela University of San Diego School of Medicine (EUA) e fala sobre como a autocompaixão deve ser exercitada dia a dia nos mais variados contextos, principalmente profissionais.
Confira o resultado de uma conversa inspiradora e mude sua forma de se relacionar consigo agora mesmo!
A compaixão move, a autocompaixão transforma
No meio profissional, principalmente nos tempos atuais, a alta demanda somada ao excesso de exigências e a cobrança pela multifuncionalidade acaba levando muitas pessoas, principalmente as mulheres, a sentirem-se pressionadas e atravessarem a linha da autoexigência saudável.
A falta de autocompaixão, consequência do olhar um tanto nocivo destes tempos para a capacidade de produtividade pessoal, pode ser percebida em forma de autocrítica e perfeccionismo, em um cenário onde a pessoa está o tempo todo buscando ser melhor e alcançar a excelência.
Karen, estudiosa e atuante da psicoterapia, explica que a compaixão possibilita darmos uma resposta ativa ao sofrimento, saindo do campo dos sentimentos e tomando forma de ação.
Desta forma, a autocompaixão pode, e deve, ser exercitada até que transforme-se em um hábito, que tem o poder de modificar a forma como nos enxergamos e nos tratamos, além de ter efeitos em nossa maneira de existir com o outro. “A autocompaixão é a habilidade de ser mais amigo de si, mais amoroso, sem autocrítica ou excesso de pressão”, explica.
Esteja ao seu próprio lado
Quando falta autocompaixão, as pessoas passam a depositar uma intensa carga de pressão em si e o trabalho para reverter esse quadro vai muito além de nutrir sentimentos que se oponham a essa realidade. Segundo Karen, o trabalho de autocompaixão deve buscar que essa voz que critica e vive em busca de resultados seja suavizada. “É preciso saber estar ao nosso próprio lado, a não sermos nossos inimigos”.
É importante lembrar que o problema não reside no fato de ter metas. Aliás, esse é um pilar importante para que tenhamos sempre um propósito a ser seguido, mas a grande questão é como ir em busca de cada uma delas. “Precisamos nos tratar de forma incentivadora, celebrar nossos passos e avanços e não sermos autocríticos com a falta de resultados breves”.
Como todo processo, o de aprendizado precisa ser contemplado em cada uma de suas fases. Em um primeiro passo, é interessante que o planejamento a longo prazo seja privilegiado, permitindo que a ânsia pelos resultados imediatos abra espaço para a satisfação das pequenas conquistas diárias.
Para Karen, é preciso que percebamos que a busca pelo sucesso, mesmo que em um ambiente que exija um ritmo mais frenético, como o empreendedorismo, pode ser feita de forma amorosa, na qual passamos a compreender quais são nossas próprias falhas e as tolerarmos, conscientes de que nossas habilidades e maestrias são únicas e suficientes para nos permitir alcançar nossos objetivos.