Perdas estão diretamente ligadas à queda na rentabilidade do negócio, por isso, preveni-las é tão importante e necessário. Nesta série especial sobre redução e prevenção de perdas em mercados, já falamos sobre os tipos de perdas e como elas podem impactar no negócio. Neste post, vamos aprofundar um pouco mais na prevenção de alguns tipos de perdas não conhecidas, como os furtos e fraudes.
Segundo Ismael Carrijo, Diretor do Grupo Martins, quando se fala de perdas não conhecidas, é muito comum os empresários centrarem suas atenções para os riscos e possibilidades de serem furtados por supostos clientes, mas as perdas causadas e praticados por funcionários e fornecedores é maior.
“Receber mercadoria é uma etapa crítica do processo. Acontece da nota fiscal entrar e o produto não, ou em casos de recebimento de embalagens fechadas (palets, fardos, etc), o volume que chega não ser o mesmo que está descrito na nota”, exemplifica Ismael.
Essa era a realidade do empresário Elio Cardoso. Com dois supermercados em Campo Grande, as perdas chegavam a 6% do faturamento, até dois anos atrás. Preocupado com um índice tão alto, três vezes maior que o considerado aceitável, procurou o Sebrae MS e começou a participar do Projeto Multiplicar. Com orientações e consultorias, estabeleceu algumas normas e procedimentos para o recebimento de mercadorias.
“Implantamos uma guarita, onde um funcionário compara as notas fiscais dos produtos com a nota de pedidos. Depois, um outro funcionário, que não tem acesso à nota fiscal dos produtos, conta as quantidades manualmente para, então, confrontar com a nota fiscal. É mais trabalhoso e demorado, mas se não cuidar, o lucro se dilui no meio de tanta perda. Com essa medida simples, reduzimos as perdas para 1,5%”, conta Elio.
Além disso, o cadastro dos fornecedores têm que esta corretos e atualizados. As chamadas “perdas administrativas” também entram na conta. “Dependendo de onde vem essa mercadoria, o comerciante pode estar pagando mais imposto do que deveria. Geralmente, de cada cinco mil itens, mil estão com cadastro errado”, explica Ismael.
Sobre furtos
Para prevenir furtos, o primeiro passo é identificar quais são os produtos mais visados no estabelecimento. De acordo com dados da Abras, as seções de mercearia seca, higiene e perfumaria, e mercearia líquida representam 45% do volume de perdas.
Produtos como pão de forma, cerveja, aparelho de barbear, desodorante, perfume, pilhas, costumam fazer parte do PAR (Produtos de Alto Risco), por serem fáceis de pegar, esconder e vender posteriormente.
Etiquetas anti-furto (que rasgam quando tentamos trocá-las), caixas bem treinados para identificar a ocultação de produtos dentro de outros e para conferir os tipos dos produtos pesados e o peso marcado na etiqueta ajudam a minimizar algumas perdas.
Outro ponto importante é instalar câmeras de monitoramento no estabelecimento, marcando os pontos críticos e criando o chamado fluxo de monitoramento. Com o fluxo de monitoramento é possível acompanhar a trajetória de uma pessoa suspeita dentro da loja. No entanto, é preciso tomar cuidados com pontos cegos, bandeiras de promoção e outros cartazes para que não fiquem na frente de uma câmera.
E se eu presenciar?
Se você, ou algum funcionário, presenciar uma situação suspeita, é preciso manter a calma e não agir por impulso: até que o cliente saia da loja com o produto sem pagar, ele não fez nada de errado, certo? Portanto, para evitar complicações para sua empresa, ele só deve ser abordado fora da sua loja.
Quando for fazer a abordagem, não a faça em sala fechada, sem câmera e sem testemunha. Ela deve ser individual, sem causar nenhum tipo de alarme e evite tocar no cliente, pois ele pode forjar uma agressão.
Sobre o Projeto Multiplicar
Lançado em 2015, o Projeto Multiplicar tem o objetivo de fortalecer a gestão dos pequenos negócios de varejo alimentar de autosserviços, os minimercados. O projeto, que surgiu da parceria entre o Sebrae e o Grupo Martins maior atacadista e distribuidor da América Latina, utiliza da metodologia de encadeamento produtivo do setor Comércio.
A metodologia tem sido testada no estados de Espírito Santo e Pará, além de Mato Grosso do Sul. Durante este tempo, cerca de 90 empresas do varejo alimentar vão participar do projeto piloto, que envolve ações, atividades, capacitações empresariais e oficinas customizadas. Além disso, as empresas passarão por um diagnóstico, que inclui pesquisas com funcionários e clientes em busca de gerar melhorias para as lojas.