Marketing e Vendas

25 maio, 2018 • Marketing e Vendas

Slow Food: do conceito à prática

Um movimento que surgiu na Itália há quase 30 anos e hoje já tem mais de 100 mil adeptos em cerca de 160 países do mundo. Esse é o Slow Food, que busca estimular a produção agroecológica de alimentos e o consumo consciente sob a máxima do “alimento bom, limpo e justo”.

Na contramão do fast food – que tem na praticidade seu principal argumento de venda e vantagem para a vida moderna -, o slow food defende não só uma experiência diferente durante a refeição, comendo com calma, mastigando devagar e saboreando os alimentos, como também estimula a produção e o consumo de produtos regionais, respeitando o meio ambiente e a sazonalidade das espécies.

“Temos que ter uma experiência prazerosa a cada refeição e o prazer vem também de saber o que você está comendo, de onde vem esse produto, como ele foi produzido, quem está por trás dessa produção, se o meio ambiente foi preservado durante o ciclo de produção, se quem produz e vende recebeu um preço justo por ele. Ter acesso a esse tipo de informação nos torna coprodutores e não mais simples consumidores”, reflete Anderson de Medeiros, líder do Slow Food Campo Grande.

Presente no Brasil desde 2000, quando teve seu primeiro grupo no Rio de Janeiro, o movimento chegou a Mato Grosso do Sul com a iniciativa de Magda Moraes.

Economista por formação e cozinheira autodidata, Magda abriu seu primeiro restaurante em Campo Grande em 1995, com o objetivo de oferecer a comida de fazenda na cidade numa releitura com charme e leveza. Na época, seu estabelecimento a la carte nadava contra a corrente da comida por quilo, que vinha ganhando cada vez mais espaço.

Depois de 18 anos, Magda vendeu o restaurante, abriu um ateliê e começou a trabalhar com consultorias. Foi aí que deu início ao convivium Slow Food de Campo Grande. Há três anos passou a liderança do convivium para Anderson e mudou-se para Bonito, onde fundou o convivium de lá e abriu o Aipim Cozinha de Raízes.

“Sempre tive verdadeira paixão pelo alimento e enxerguei na gastronomia uma forma de viver isso, de oferecer afeto para os outros. Bonito é o lugar que recebe gente do mundo inteiro, então é atendendo esses turistas que consigo levar a minha filosofia para o mundo todo. Tenho uma ligação muito forte com os produtores da região e tudo o que o restaurante usa é de produção local”, explica.

Em Campo Grande, alguns restaurantes também já adotaram a ideia e se adaptam diariamente para seguir e promover a ideologia do movimento.

Reconhecendo na filosofia do movimento a sua filosofia de vida, Ana Paula Seemann, proprietária do Les Amis Bistrô é associada ao Movimento Slow Food há três anos.

“Basicamente, o movimento prega o respeito, e é o que eu tento colocar em prática todos os dias: respeito com meus colaboradores, com meus fornecedores, clientes e comigo mesma”, explica.

Ana Paula prioriza – e defende – os produtores locais na hora de comprar os ingredientes que são usados no preparo de seus pratos, mas reconhece que o alimento bom, limpo e justo não é perfeito.

“Não dá para falar de slow food falando de padronização, e a padronização é considerada pré-requisito para o sucesso de um negócio. Mas quando você opta comprar daquele pequeno produtor, que toca a propriedade com a família, sem grandes tecnologias, você assume o risco de não receber exatamente o que pediu ou na quantidade que precisava. Mas isso a gente adapta, muda o menu, inventa uma nova receita, o que não dá é perder a essência”, comenta.

Instinto Slow

Mesmo antes do Movimento Slow Food ganhar força e ser conhecido por aqui, Márcia Chiad já vivia a filosofia do movimento na prática.

Criada em uma chácara, mas morando em Campo Grande, a jornalista “fugia” da cidade todo final de semana para entrar em contato com a terra e cultivar temperos. “Era uma forma de desestressar. Eu perdia noção do tempo”, relembra.

A ideia de vender as mudas levou aos cursos, pois Marcia percebia que as pessoas até compravam e queriam cultivar em casa, mas não sabiam como cuidar. Para os lanches que eram servidos durante os cursos, Márcia fazia questão de usar os ingredientes que ela mesmo cultivava.

Assim surgiu, há seis anos, o Recanto das Ervas, um restaurante de comida saudável e natural que preza pelo uso de ervas aromáticas e condimentares, brotos e flores comestíveis, além de chás e sucos naturais. “Nosso propósito é fazer algo fora dos padrões, sem ser massificado, queremos encantar pelos detalhes”, afirma.

 

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