Empreender nunca fez parte dos planos de vida de Kétri Amorim. Formada em administração de empresas, a jovem trabalhava em uma multinacional, tinha um bom salário e uma carreira sólida. Até que a empresa fechou a unidade de Campo Grande e demitiu seus funcionários.
O acerto de seis anos de trabalho somado aos investimentos que tinha deram uma certa sensação de segurança e conforto até Kétri decidir o que faria dali pra frente. O tempo foi passando, as contas foram chegando e depois de aproximadamente um ano, as reservas de Kétri haviam zerado.
“Hoje eu vejo que faltou maturidade. Eu podia ter ido embora, a empresa fechou aqui, mas me convidou para trabalhar em outra cidade. Eu não quis ir porque tinha acabado de comprar e mobiliar minha casa. E eu sabia que em Campo Grande seria muito difícil uma outra empresa que me pagasse o mesmo salário e eu não aceitava ganhar menos. Eu fiquei perdida por muito tempo”, relembra.
Quando a situação apertou de vez, ela teve a ideia de fazer bombons para vender. Os ingredientes para fazer os primeiros ela comprou com os R$ 100,00 que o pai emprestou. Não, ela nunca havia feito bombom na vida, mas se arriscou. E não é que deu certo? Começou oferecendo para os amigos, os colegas da igreja e assim foi ficando conhecida e ganhando mercado.
Uma mensagem especial
As coisas caminharam bem durante 2017 e 2018, com algumas pessoas revendendo os bombons e também algumas encomendas para chás de bebês, chás de panelas e aniversários de crianças. Mas Kétri ainda não tinha certeza do rumo que as coisas estavam tomando.
“Eu ficava na dúvida se arrumava um serviço fixo ou se investia de vez nos doces porque eu não via aquilo como uma empresa de fato, via mais como um trabalho temporário, uma renda extra. Mas uma ministração do pastor da minha igreja sobre talentos e sobre o poder dos pequenos começos tocou meu coração e eu resolvi investir”, conta.
Algumas decisões importantes
Foi então que a empreendedora procurou o Sebrae e participou do edital do Programa Mulher de Negócios. Dos temas abordados, Kétri conta que os que mais a marcaram foram a oficina de vendas, assunto que sempre foi um desafio pra ela, e a palestra sobre propósito.
“Essas duas vivências me ajudaram a me conhecer melhor e isso influencia muito na empresa porque Eu sou a empresa. Entendi meu comportamento e descobri os meus valores e o meu propósito, descobri que não tenha perfil para vender de porta em porta e assim defini bem o meu público: o de eventos, para poder trabalhar por encomenda”, comenta.
Logo no começo de 2019, surgiu uma oportunidade de um emprego fixo, que ela topou pra poder investir o salário na empresa. Foi um período que exigiu muito: a jovem trabalhava o dia todo, à noite fazia eventos, de madrugada fazia os doce e aos finais de semana se dividia entre a produção dos doces e os compromissos da igreja. Sempre muito dedicada, Kétri chegou a receber uma promoção dentro da empresa, mas como essa novidade exigiria mais ainda dela, preferiu sair e focar na própria empresa.
O presente e o futuro
Fornecendo doces para as amigas que iam casar, Kétri foi conhecendo cerimonialistas e sendo indicada em grupos de noivas. Com pesquisas e criatividade, seus bombons, antes caseiros, ganharam acabamento mais refinado, rendendo lindas mesas de casamento.
No perfil do Instagram da Sabor do Céu Doces, as fotos chamam muita atenção, mas Kétri afirma que a rede social funciona mais como uma vitrine mesmo. “A melhor propaganda é o boca a boca”.
Sobre o futuro da empresa, Kétri está animada: pensa em investir em estrutura e equipamentos para aumentar a produção e conseguir expandir a marcar, que já tem até interessados em franquias.
Doceira autodidata, a empresária sonha também em fazer uma viagem a Paris para estudar, pesquisar, se aperfeiçoar e, claro, provar os doces mais famosos do mundo.