O mercado global de wellness (expressão em inglês para bem-estar) tem crescido de forma acelerada nos últimos 10 anos. Em 2017, esse mercado – que inclui alimentação, atividades físicas e outras práticas que buscam melhor qualidade de vida – foi estimado em US$ 3 trilhões, ultrapassando a gigante indústria farmacêutica pela primeira vez na história.
Um dado econômico que reflete uma mudança de comportamento: as pessoas estão buscando um estilo de vida mais saudável antes de precisar se medicar.
Foi assim com a jornalista Naiane Mesquita, 28 anos, que começou a praticar yoga há um ano para superar a ansiedade.
“O yoga surgiu como uma alternativa para passar de forma mais tranquila por alguns momentos conturbados. Meditar e fazer algumas posturas me ajuda a encontrar paz. Saúde é importante, a física e a emocional e o yoga trabalha os dois”, declara.
A busca por uma vida mais saudável e o contato com a meditação e culturas orientais mudam a vida também dos empresários.
Vivendo o luto de perder o marido, Nadiege de Freitas fez uma viagem de 40 dias pela Índia e pela Tailândia em 2013. Voltando a Campo Grande, abriu uma loja de roupas, aromas, cristais, santarias e acessórios orientais.
Com o interesse dos clientes, o Espaço Om Namastê foi crescendo: ganhou outra loja – de itens de decoração – e passou a oferecer cursos de yoga e meditação, que recebem mais de 200 participantes por mês.
“Muitas pessoas que tomavam antidepressivos e remédios para dormir pararam com a medicação depois que começaram a meditar. Nesse momento que o coletivo está muito doente, porque a situação política e econômica adoece e tira a fé das pessoas, é preciso que cada um crie sua felicidade e sua paz internas, independente do mundo externo”, defende Nadiege.
Acompanhando a trajetória da mãe, Taoli Schardong montou uma casa de sucos junto ao espaço. No final de 2015, o “Tao” se tornou um restaurante com uma proposta de consciência alimentar, com opções vegetarianas e combinações de alimentos inspiradas na alimentação ayurvédica.
Apesar da crise
Segundo o instituto Euromonitor, mesmo com a crise, a venda dos chamados alimentos “livres de…” movimentou um mercado de US$ 32 bilhões em 2016 no mundo, crescimento de 7% em relação ao ano anterior.
Foi acompanhando essa tendência que o empresário Elias Mendes Oliveira apostou em dois empreendimentos do setor: em outubro de 2016, assumiu uma fábrica de pães integrais zero lactose, e em fevereiro deste ano, um empório de produtos naturais, em sociedade com a irmã e a esposa.
Com castanhas e frutas secas como carro-chefe, o Empório Mais Que Leve já é uma referência para quem procura produtos sem glúten, sem lactose, sem açúcar, orgânicos, entre outros. Para atender à demanda, a loja fica aberta até às 22h e abre também aos finais de semana.
Atendida pelo Programa ALI, a Pazolline Pães trilhou uma trajetória nos últimos 10 meses que prova como o mercado está aquecido: a fábrica mudou do espaço de 150 m2 para um novo imóvel de 700 m2; a produção passou de 2 mil pães por mês para 18 mil; dos 35 pontos de venda que a marca tinha em Campo Grande, hoje são 250 pontos na Capital e em Sidrolândia.
“A crise segurou um pouco o crescimento, mas nunca diminuí produção nem faturamento. Temos condições de dobrar a produção, diversificar o mix com bisnaguinhas e massas de pizza integrais e de expandir mais para o interior”, declara.
Quem também viu potencial no interior foi a nutricionista Lilian Keller, que, depois de participar do Empretec em Maracaju, criou coragem para abrir seu negócio em Campo Grande, mas voltou a oferecer seus produtos para a cidade de origem e mais oito: Dourados, Ponta Porã, São Gabriel d’Oeste, Coxim, Chapadão do Sul, Sonora, Costa Rica e Aquidauana.
À frente da Nutribel – Nutrição e Beleza há 22 anos, Lilian se orgulha de ser a responsável por revolucionar o conceito de comida congelada no Estado e abrir o primeiro mercadinho de comidas congeladas saudáveis de Mato Grosso do Sul.
Além da produção própria de pratos congelados nas linhas light, fitness e low carb, oferece saladas, sopas, e até papinhas e picolés, que veem de Santa Catarina.
“A modernidade trouxe a facilidade da comida congelada, que nos prejudicou demais. Com a técnica do ultracongelamento, é possível fazer comida de verdade: saudável e saborosa. Tenho clientes que tomavam medicação para redução de triglicerídeos e colesterol, equilibraram as taxas e pararam de tomar remédios e mantêm os níveis saudáveis somente com a alimentação”, conta.
Há pouco mais de 2 meses, a Nutribel está de casa nova, em um espaço três vezes maior que o antigo e novos serviços, como tratamentos de shiatsu facial e corporal e drenagem liporedutora e linfática.
“Fizemos um investimento alto para nos adaptarmos às necessidades das pessoas e à nova dimensão que a nutrição tomou na vida delas. O preço da matéria prima também subiu, mas eu não posso repassar isso para o cliente. Apertei minha margem de lucro, na esperança e na certeza que as coisas vão melhorar”, afirma a otimista empresária.